A aposentada Maria Aparecida Firmo Ferreira, 80 anos, avó materna da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, aparece entre as vítimas de ontem moradoras de Ceilândia. A idosa estava internada no hospital regional da região administrativa com covid-19. Por volta das 2h, Maria Aparecida teve uma parada cardiorrespiratória e, mesmo após tentativas de reanimação, não resistiu.
Amigo da aposentada, Edson Batista, 40, guarda boas recordações dos momentos em que moravam perto um do outro. “Fomos vizinhos durante 20 anos. Ela era uma pessoa humilde, amorosa, amiga e muito especial para a minha família”, contou. Depois que se mudou, o vigilante manteve contato com Maria Aparecida. “Sempre que passava para visitar os meus irmãos, que moram na mesma chácara que ela, ia até a casa da dona Maria para conversar e ver o que estava precisando. Ela precisava muito de cesta básica e vivia bastante sozinha”, relatou. “Vai fazer falta”, acrescentou Edson.
Em 1º de julho, ela foi levada para o HRC depois de ser encontrada caída na rua onde morava, no bairro Sol Nascente. Maria Aparecida ficou internada por mais de 30 dias na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Regional de Santa Maria, mas foi transferida de volta para o de Ceilândia, na semana passada. Durante o período no hospital, ela apresentou estado de saúde grave e precisou ser intubada duas vezes. Em 7 de agosto, Maria Aparecida seguiu para um leito de enfermaria, para prosseguir com o tratamento. A paciente respirava por meio de traqueostomia — procedimento para inserção de um tubo na traqueia, que facilita a entrada de ar.
O Correio entrou em contato por e-mail com a assessoria da Presidência da República, para saber se haveria posicionamento oficial do Palácio do Planalto sobre o caso da avó de Michelle. No entanto, a reportagem não teve resposta. Em nova tentativa, por telefone, a assessoria informou que a solicitação estava em análise e que não daria retorno ontem.
Educadora
A morte da professora Valéria Rocha também provocou comoção. Servidora da Secretaria de Educação, a educadora dava aula na Escola Classe (EC) 45 de Ceilândia. Ela passou três semanas intubada no Hospital São Francisco, mas morreu na madrugada de ontem. Dedicada e querida pela comunidade escolar, Valéria era responsável pelo laboratório de informática.
A educadora dedicou mais de 25 anos de vida ao ensino e atuava em regime de teletrabalho desde o início da pandemia da covid-19. O diretor da EC 45, Fernando Tiago Santos, lamentou a morte. “Era uma professora extremamente dedicada ao trabalho e altamente produtiva. Uma colega muito querida por todo nós. Foi uma perda muito grande para a escola. Desejamos que a família fique bem”, disse.
Amigos consideravam Valéria alegre e de bem com a vida. Era conhecida pelas crianças como “tia da informática” e, por pessoas próximas, como “Lelynha”. “Ela era dona da melhor risada, admirava as coisas simples, era uma profissional dedicada, que defendia o ensino público de qualidade e lutava por ele”, contou a supervisora pedagógica da EC 45, Juliana Bomfim.
A Secretaria de Educação emitiu mensagem de pesar em homenagem à Valéria: “Neste momento de dor, a pasta solidariza-se com os familiares, colegas, estudantes e amigos”, informou. O Sindicato dos Professores (Sinpro/DF) também manifestou-se sobre o caso. “Um exemplo de profissional, Valéria sempre foi professora dedicada”, ressaltou.