A tentativa de desqualificar a Operação Lava-Jato interessa a tanta gente que é difícil apontar quem mais se beneficiaria com esse retrocesso no combate à corrupção. Alguém tem dúvida, por exemplo, de que o presidente Jair Bolsonaro deseja a anulação das condenações de Lula na Lava-Jato? O ex-presidente é o melhor adversário de Bolsonaro na disputa à reeleição. Aglutina novamente o antipetismo em torno dos bolsonaristas. Da mesma forma que, para Lula, Bolsonaro é melhor adversário. São os extremos. Eles não querem dar espaço para um candidato moderado. Essa tática funcionou bastante no Distrito Federal, quando havia uma guerra entre o PT e Joaquim Roriz, sem espaço para uma terceira via.
Identidade com o Novo
O ministro da Economia, Paulo Guedes, confidenciou a amigos que, quando deixar o governo Bolsonaro, deverá se filiar ao Partido Novo. De fato, é a legenda com postura mais crítica a benefícios dos servidores públicos e na defesa das privatizações. Identidade de ideias liberais.
Cai presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa
O governador Ibaneis Rocha (MDB) exonerou Alessandro França Dantas da presidência da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) e Elisabete Ribeiro Alcântara Lopes do cargo de vice-presidente da entidade. No ato, publicado em edição extra do Diário Oficial do DF, ontem. Não houve nomeação dos substitutos. A FAP-DF participa de parceria com a UnB em ações de combate ao novo coronavírus.
Cirurgias suspensas
Para concentrar esforços nos atendimentos de urgência e emergência em toda a rede pública de saúde do DF, a Secretaria de Saúde prorrogou novamente a suspensão das cirurgias eletivas, desta vez até 23 de agosto. Esses procedimentos estão suspensos desde 29 de junho, no momento em que o DF passava pelo pico da pandemia. Os hospitais públicos mantêm apenas cirurgias oncológicas, cardiovasculares e transplantes.
A pergunta que não quer calar….
A aproximação entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Michel Temer, convidado a chefiar missão humanitária do Brasil no Líbano, terá impacto nas votações de interesse do Executivo no Congresso?
À QUEIMA-ROUPA
Gabriel Granjeiro, Diretor-presidente do Gran Cursos On-line
Projeto encaminhado ontem pelo governador Ibaneis Rocha e aprovado pela Câmara Legislativa suspende os prazos de validade dos concursos enquanto durar a pandemia. A quem mais interessa essa medida?
Interessa aos candidatos que já estão aprovados e à administração pública. Aos candidatos, funciona como uma garantia, pois acaba assegurando a futura realização do certame. Em relação à administração pública, existe a questão de se cumprir o que ficou determinado na Lei Complementar nº 173/2020, aprovada pelo Congresso Nacional, que impede que estados, Distrito Federal e municípios aumentem despesas com pessoal durante a pandemia da covid-19.
Quantos concursos e concursados serão beneficiados?
Atualmente, estão vigentes concursos para 29 cargos, em 158 especialidades, de 10 órgãos do Governo do Distrito Federal. E pode-se estimar que dezenas de milhares de concursados sejam impactados com a decisão.
E qual é a vantagem, no seu entendimento, para a Administração Pública?
A vantagem é justamente a de ter a possibilidade de chamar os candidatos, porque já realizou o concurso e teve gastos com as provas (objetivas e discursivas). Tudo isso tem um gasto muito grande para a administração pública e, muitas vezes, ela tem interesse de chamar o candidato e não poderia por uma restrição legal.
A medida não prejudica quem está ainda se preparando para ingressar no serviço público?
Não prejudica, porque não está proibido realizar concurso. É só a prorrogação do prazo de validade de concursos que já foram realizados. O candidato já iria, em tese, ser chamado e a vaga já iria ser preenchida, mas, em razão da situação excepcional, esse candidato não vai ser chamado agora. Será chamado no futuro, sim, quando a situação se normalizar. Portanto, não há prejuízo àqueles que já estão estudando. Meu recado é: pode ter certeza; continue firme na sua preparação.
Acredita que muitos candidatos entrariam na Justiça?
Hoje em dia, a judicialização é um movimento natural. Pode ser que alguém questione, sim, porém não acredito que haja um grande número de pessoas. Temos o livre acesso ao poder judiciário, mas acho que a decisão, tanto do governador quanto da CLDF, será respeitada.