Em rede social, mãe das gêmeas Lis e Mel homenageia pai morto por covid-19

Edilson Neves, 50 anos, faleceu nesse domingo (9/8). Ele foi sepultado no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul na tarde dessa segunda-feira (10/8)

Arquivo Pessoal

O avô das siamesas Mel e Lis, Edilson Neves, 50 anos, que faleceu nesse domingo (9/8) vítima do novo coronavírus, ganhou uma homenagem da filha, Camilla Neves, em uma rede social. A mulher publicou fotos, um vídeo e um texto que descreve a relação com o pai. “Era um homem de uma força e uma fé inabalável e invejável (é dele que vem minha força)”, disse em um trecho da publicação. 

Doca, como era conhecido pelos amigos, deu entrada no Hospital Santa Maria, em Taguatinga Sul, em 30 de julho, após apresentar sintomas da covid-19. Ele foi sepultado nessa segunda-feira (10/8), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Edilson era vice-presidente da Feira dos Importados, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e recebeu homenagens dos colegas de profissão.

No texto publicado por Camilla descreve o pai como “um avô maravilhoso”. De acordo com ela, ele era um homem de “uma força e uma fé inabalável e invejável”. Além disso, a mãe das gêmeas relata que Edsilon era ciclista e não tinha problemas de saúde, a não ser uma hipertensão que estava controlada. “Mas não deu, a covid-19 venceu”, lamentou.

No fim da publicação, Camilla afirma que sabia que o pai precisava descansar e que “o céu ganhou o anjo mais bagunceiro e animado”. Mais de 700 pessoas reagiram à publicação da mãe das gêmeas e outras 127, até a mais recente atualização desta matéria, fizeram comentários em apoio à mulher.

 

 

 

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Edilson, Doca, Doquinha, Avô das gêmeas, seja como o conheceram e chamavam, ele é o MEU PAI! O cara mais incrível que eu já conheci. Sempre deu sua vida e não mediu esforços pelos seus, seja por nós (família), amigos, conhecidos. Ele sempre estava lá e fazia tudo ao seu alcance e fora dele pra ajudar, e dava o seu melhor. Não reclamava de nada. Era um homem de uma força e uma fé inabalável e invejável (é dele que vem minha força). Sou a única filhA de 3 filhos. Sempre fomos apegado um com o outro, minha mãe dizia que tudo que acontecia na minha vida eu contava primeiro pra ele, desde pequena era assim. Nós eramos quase iguais, uns 90% (o que gerava uns arranca-rabo de vez enquando, mas nada que a gente não se resolvesse depois). Ele sempre esteve ao meu lado, me apoiou em tudo que eu queria e decidisse fazer da minha vida. Era o meu melhor amigo. Nós falávamos todos os dias. Nos víamos sempre também. Depois que vieram as gêmeas, preciso nem dizer o quão babão ele ficou né? Ele foi um segundo pai pras minhas filhas. Um avô maravilhoso!???? Eu ainda não entendo o porque. Ele era novo, fez 50 anos em março. Estava animado pra comemorar, a pandemia adiou a festa, mas assim que pudesse ele ia juntar todos que ele amava pra comemorar do jeitinho que ele gostava: na farra. Ele era ciclista, fazia parte do grupo "ferrobraz", (fez ate uniforme pra gêmeas combinarem com ele), inclusive, tanto no dia do meu parto quanto da cirurgia das gêmeas, ele saiu de casa e foi de bicicleta até os hospitais me encontrar. Tinha uma vida relativamente saudável. Sua única comorbidade era a hipertensão, porém controlada.... Mas não deu, o covid-19 venceu. E por mais que eu quisesse e precisasse do meu pai aqui comigo, eu sei que ele precisava descansar, e o que foi destinado a ele fazer aqui na terra ele fez e fez perfeitamente! O nosso tempo e nossos desejos não são iguais aos de Deus. Somente Deus sabe o que é melhor para cada um de nós. E agora o céu ganhou o anjo mais bagunceiro e animado (vai ter festa todo dia no céu se depender dele). ???????? A dor e a saudade vão ser imensas e eternas, mas nenhuma delas vai ser maior que MEU AMOR POR VOCÊ PAI! Obrigada por tudo! ? ?? 09/08/2020

Uma publicação compartilhada por Camilla Vieira (@vncamilla) em 11 de Ago, 2020 às 2:51 PDT

Caso Lis e Mel

As meninas nasceram em 1º de junho de 2018 e passaram 10 meses conectadas pelo lóbulo frontal direito dos crânios, uma ligação que poderia ser rompida sem comprometer o desenvolvimento delas a longo prazo.

Após meses de estudos, inclusive com o auxílio de médicos norte-americanos do Children;s Hospital at Monte Fiore, em Nova York, a cirurgia de separação das gêmeas ocorreu em 27 de abril de 2019. Dividido em 36 etapas, o procedimento começou às 6h30 de sábado e só terminou às 2h30 do domingo. Mais de 50 profissionais participaram da cirurgia, toda feita pelo SUS, no Hospital da Criança de Brasília José de Alencar. Foi o primeiro procedimento do tipo no Distrito Federal e o terceiro no Brasil.

Morre médico

Em 29 de março, o médico americano James Goodrich morreu devido ao novo coronavírus, em Nova York, nos Estados Unidos. O neurocirurgião era o principal especialista em separação de siameses craniópagos (unidos pelo crânio) do mundo. Foi sob a orientação dele que foi realizado o procedimento que separou as gêmeas siamesas brasilienses Lis e Mel, no Hospital da Criança de Brasília, em 2019.