A covid-19 fez mais uma vítima no Distrito Federal. Desta vez, um pioneiro de Brasília. Ilson de Figueiredo, 83 anos, morreu nesta quarta-feira (5/8) pela manhã, após quase 20 dias de luta contra a doença. Servidor aposentado do Senado Federal, onde trabalhou por mais de 30 anos, Ilson deixa mulher, sete filhos, 16 netos e oito bisnetos.
Internado desde 17 de julho no Hospital DF Star, na Asa Sul, Ilson foi transferido para a unidade de terapia intensiva (UTI) em 24 de julho, e precisou ser intubado, quatro dias depois, devido à redução em sua capacidade respiratória. Apesar de apresentar melhora em seu quadro clínico, uma infecção em seu organismo agravou o caso.
Natural de Corumbá (MS), Ilson chegou à Brasília, ao lado da mulher, Lenira, em 1959, para contribuir com a construção da cidade. Sua primeira morada foi no Núcleo Bandeirante, à época Cidade Livre, que abrigou grande parte de trabalhadores da nova capital. Ao chegar à região, fez de tudo um pouco: trabalho autônomo, comerciante e empreendedor. Seu primeiro projeto foi um hotel de madeira para abrigar quem chegava na cidade para conceber Brasília.
Após alguns anos, tornou-se servidor do Senado Federal, emprego do qual sentia muito orgulho. Na capital, teve e criou todos os sete filhos - dois homens e cinco mulheres - com sua esposa, com quem foi casado por 60 anos.
Apesar de ser natural de Mato Grosso do Sul, considerava-se brasiliense de coração. Evangélico e frequentador da Congregação Cristã no Brasil, viveu a maior parte de sua vida no Cruzeiro Velho. Havia se mudado para Águas Claras há seis meses, no entanto.
O filho Samuel Figueiredo o descreve como uma pessoa muito querida por amigos e familiares, além de batalhador e altruísta. "Ele nunca perdeu a capacidade de sonhar. Mesmo com 83 anos, fazia projetos e planos para ele e para esposa, por quem era extremamente apaixonado. O que é muito bonito pois foram 60 anos de casado. Deixou um grande exemplo pra gente", declara.
Ilson lutou vigorosamente contra a doença até o fim; ele era defensor das medidas de isolamento social e proteção contra o coronavírus. "Nas poucas vezes que saiu de casa, no próprio condomínio, acabou se contagiando", relata Samuel.
O enterro acontece nesta quinta-feira (6/8), às 9h30, no cemitério Campo da Esperança. Devido às medidas sanitárias em vigor por conta da pandemia, não haverá velório e o sepultamento ocorrerá com caixão fechado, limitado aos familiares para despedida.