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Pnad mostra que DF é líder nacional de testagem da covid-19

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19 mostra que 16,7% dos brasilienses fizeram exames para detectar o novo coronavírus. Além disso, metade da população informou seguir os protocolos do isolamento social

Jéssica Eufrásio
postado em 31/08/2020 06:00 / atualizado em 31/08/2020 08:58
 (crédito: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP)
(crédito: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP)

O Distrito Federal destacou-se no combate à covid-19, em julho. A capital do país ficou em primeiro lugar na lista que avalia a quantidade de pessoas testadas nas 27 unidades da Federação. Em julho, 16,7% dos brasilienses fizeram exames para a detecção da covid-19. Dos mais de 3 milhões de moradores do DF, 2,8% receberam resultado positivo até a data do levantamento. Entre as pessoas que fizeram algum exame, a maioria tem curso superior completo ou pós-graduação. As informações são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19. O levantamento mostra de que forma a pandemia afetou o país pelos aspectos econômicos, sanitários e educacionais.

O percentual de brasilienses que apresentaram sintomas conjugados da covid-19 foi o segundo maior no país, ficando atrás apenas de Roraima. Entre o total de pessoas que tiveram esses sinais de infecção, 2,2% apresentaram perda de olfato ou paladar; tosse, febre e dificuldade para respirar; ou tosse, febre e dor no peito. Do total da população do DF, 63,2% não têm plano de saúde e dependem da rede pública para receber acompanhamento em caso de contaminação.

Dados sobre o DF divulgados pelo IBGE na Pnad Covid-19 referente a julho

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Moradora do Setor de Mansões de Sobradinho, a funcionária pública aposentada Ana Rodrigues, 65 anos, teve covid-19 há cerca de três meses. No terreno onde ela mora, vivem outras duas famílias. Após uma festa de aniversário, cerca de 18 pessoas apresentaram sintomas da doença. Dos nove que testaram positivo, quatro fizeram exames pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Todos tiveram sintomas leves. Só meu genro que passou quatro dias internado. Mas, no hospital, ele tomou as medicações que são do protocolo e ficou bem”, relatou Ana.

Após descobrir os casos, o grupo permaneceu afastado de pessoas de fora da família. Eles desconfiam que a reunião tenha sido o motivo do surto. “Um teve febre; outro, falta de ar. Não sabemos exatamente como foi o contágio, mas imaginamos que foi durante a comemoração. Não tivemos como manter o distanciamento entre nós, porque são três imóveis no mesmo terreno. Mas, para (proteger) a comunidade, fizemos o isolamento. Não saímos de casa de jeito nenhum”, contou a aposentada.

A coleta de dados para a Pnad Covid-19 começou em 4 de maio. As entrevistas ocorreram por telefone, com cerca de 48 mil domicílios brasileiros por semana. Ao fim de um mês, esse total chegou a 193 mil. A amostra é fixa; por isso, as informações dessas residências farão parte do material divulgado até o fim da pesquisa. Os telefones foram selecionados com base nas informações de 211 mil lares, que participaram da Pnad Contínua do primeiro trimestre de 2019. O critério para escolha foram os endereços com número de telefone cadastrado. Os resultados são divulgados, semanalmente, para alguns indicadores, mas os números estaduais e do DF têm publicação mensal. 

 

 

 

Deslocamento 

Outra informação que a Pnad Covid-19 revela sobre o Distrito Federal é o respeito às medidas de restrição. Em quase metade dos domicílios, a população disse cumprir com as orientações relacionadas ao distanciamento social e saiu apenas por necessidades básicas. Além desse grupo, em 23% dos lares, houve isolamento rigoroso no mês passado. O acesso a produtos de limpeza e proteção, como água sanitária ou desinfetante, álcool 70% ou superior, máscaras e sabão ou detergente, é de mais de 97% nos domicílios brasilienses.

Professora do curso de saúde coletiva do câmpus de Ceilândia da Universidade de Brasília (UnB), Carla Pintas preocupa-se com a retomada de alguns setores por causa da necessidade de deslocamento da população no transporte público. “O DF é uma unidade da Federação com muitos funcionários públicos. Esses serviços estão todos trabalhando em regime de home office, e as universidades e as escolas não estão funcionando. Isso facilitou para termos mais pessoas restritas em casa. Mas a abertura do comércio fez muita gente sair para trabalhar, e não há um controle efetivo da circulação delas”, lembrou.

 

Renda 

As informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fazem parte do levantamento Estatísticas Experimentais e dos planos de modernização da agência. Elas estão em fase de testes e passam por constante avaliação. Além de apresentar um retrato do total de pessoas com sintomas associados à síndrome gripal, os dados permitem monitorar os efeitos da pandemia no mercado de trabalho.

A renda média, efetivamente recebida pela população ocupada em julho no DF, foi a maior do país (R$ 3.834). Normalmente, esse total chega a R$ 4.151, também o mais alto do Brasil. Para efeito de comparação, o rendimento médio recebido em nível nacional, no mês passado, foi de R$ 2.077, e o usualmente alcançado é de R$ 2.377. Em relação ao auxílio emergencial — que chegou a 44,1% de residências brasileiras —, o DF teve o terceiro menor número de lares que contaram com o repasse federal, em julho (33%), ficando atrás do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A quantia média paga foi de R$ 858.

Outro dado mostra que, em cerca de 40 mil domicílios brasilienses, alguém solicitou empréstimo e conseguiu. Moradores de outros 12 mil lares também tentaram, mas não tiveram o pedido aprovado. Para completar, a taxa de desemprego, no mês pesquisado, chegou a 13,3%, mesma porcentagem verificada em nível nacional, na segunda semana de agosto. Presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon/DF), César Bergo assinalou que o cenário é semelhante nas demais unidades da Federação. “O rendimento médio recebido no DF é o maior do país, e o motivo é que, na sua maior parte, os empregos são ligados às instituições públicas, que remuneram acima da média e não promoveram dispensa de funcionários. Mas a situação (do desemprego) agravou-se em razão do isolamento social”, avaliou.

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Mais 19 mortes

A Secretaria de Saúde contabilizou 1.270 novos casos de contaminação por covid-19 no Distrito Federal. Com isso, o total de notificações chegou a 160.796. A pasta registrou, ontem, 19 mortes provocadas pela doença. Os óbitos aconteceram entre 13 de julho e domingo, quando houve duas vítimas. A quantidade de pacientes que perderam a vida por causa de complicações decorrentes da infecção pelo coronavírus alcançou 2.469 pessoas, entre moradores do DF e de outras partes do país. Os recuperados são 144.510 — 89,9% do número de casos.

Os dados levam em conta o acúmulo referente ao período entre sexta-feira e sábado, quando houve problemas de instabilidade na rede da Secretaria de Saúde. Devido às falhas, o sistema registrou 10 mortes nesse intervalo. A previsão era de que a situação voltasse ao normal ontem, mas a primeira atualização do dia só apareceu no Painel Covid-19 no Distrito Federal, da Secretaria de Saúde e da Secretaria de Segurança Pública, às 18h05.

O levantamento mostra que o total de infectados tem entre 20 e 49 anos, com as mulheres sendo as que mais testaram positivo para a doença (53,3%). Os homens, entretanto, permanecem como os que mais morrem (58,9% do total de vítimas). Ceilândia, Taguatinga e Samambaia registram a maior quantidade de pacientes que não resistiram aos efeitos da covid-19. Só nessas três regiões administrativas, a quantidade de óbitos chegou a 873.

Ranking

O dia em que mais houve óbitos foi 12 de agosto, quando 45 pessoas morreram, segundo números da Secretaria de Saúde. O portal Covid-19 no Brasil, do Ministério da Saúde, apresenta informações sobre o total de mortes pela data do registro. No site, é possível observar que o dia em que a pasta confirmou mais mortes foi 6 de agosto, quando houve 79. As vítimas, no entanto, não morreram necessariamente naquela ocasião. Além disso, os números consideram pacientes brasilienses e de outras unidades da Federação que morreram na capital federal.

A curva de casos por data de notificação, segundo o site do Ministério da Saúde, apresenta média com tendência de queda. Ainda assim, os números do Distrito Federal permanecem acima de 1,3 mil novos registros por dia desde 10 de agosto. O recorde de todo o período aconteceu na terça-feira passada, quando a capital alcançou 3,1 mil notificações. Ontem, o DF estava em quinto lugar entre as unidades da Federação com maior número de novos infectados e em sétimo no ranking que avalia a quantidade de registros acumulados. (JE)

 

 

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