FALSO NEGATIVO

Amigos de subsecretário preso no DF fazem vaquinha para pagar defesa

O subsecretário de Vigilância à Saúde do Distrito Federal, Eduardo Hage, foi preso nesta terça-feira (25/8), alvo da operação Falso Negativo, que apura fraudes na compra de testes para a covid-19. A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) manifestou solidariedade ao investigado e destacou os 30 anos de carreira dele

Walder Galvão
postado em 25/08/2020 23:04 / atualizado em 25/08/2020 23:35
 (crédito: Credito: Ana Rayssa/CB/D.A.Press. )
(crédito: Credito: Ana Rayssa/CB/D.A.Press. )

Amigos do subsecretário de Vigilância à Saúde do Distrito Federal, Eduardo Hage, fazem uma vaquinha online para custear a defesa do suspeito. Ele e outros integrantes da Secretaria de Saúde, inclusive o secretário da pasta, Francisco Araújo, foram presos nesta terça-feira (25/8), alvos da segunda fase da Operação Falso Negativo, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Procuradoria-geral de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A ação apura fraude na compra de testes para a covid-19.

Até a mais recente atualização desta publicação, a vaquinha tinha recebido R$ 16,7 mil para custear a defesa do subsecretário. No site de arrecadação, os organizadores ressaltam que foram surpreendidos com a prisão preventiva de Hage e que manifestam total solidariedade a ele.

“Sempre pautou sua vida profissional pela ética e compromisso com o SUS (Sistema Único de Saúde), tendo se tornado um profissional de saúde de reconhecida competência nacional e internacional, seja na atuação nos serviços de saúde seja no meio acadêmico”, descreve o texto.

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) também divulgou um texto em apoio ao subsecretário. “Exigimos transparência e imediato esclarecimento sobre as razões dessa medida extrema, bem como ressaltamos a importância da presunção de inocência. Numa nova demonstração de interesses na propagação de acusações e conclusões precipitadas, não podemos permitir que essas ações atinjam a honra de pessoas comprometidas com o país”, ressaltou o texto.

Operação

Nesta manhã, profissionais do MPDFT foram às ruas para cumprir sete mandados de prisão e 44 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e em mais oito Estados (Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso, Espírito Santo e Rio Grande do Sul).

As ordens judiciais foram expedidas pelo desembargador Humberto Ulhôa, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) e são resultado de investigação exclusiva do MPDFT, que apura suspeitas de crimes cometidos por servidores do alto escalão da Secretaria de Saúde do DF.

Entre os crimes estão: fraude à licitação, lavagem de dinheiro, crime contra a ordem econômica (cartel), organização criminosa, corrupção ativa e passiva. Essas práticas criminosas teriam sido praticadas no curso de dispensas de licitação destinadas à compra de testes para detecção da covid-19.

Confira a nota da Abrasco: 

"Fomos surpreendidos esta manhã, 25 de agosto, com a notícia da prisão preventiva do subsecretário de Vigilância à Saúde da SESDF, Eduardo Hage do Carmo, em meio a investigações de suposta fraude na compra de kits diagnósticos para testagem da Covid-19.

Manifestamos aqui nossa total solidariedade ao colega e amigo Eduardo Hage, médico epidemiologista com larga experiência no controle de doenças transmissíveis, profissional de saúde de reconhecida competência nacional e internacional, seja na atuação nos serviços de saúde, seja no meio acadêmico, e que sempre pautou sua vida profissional pela ética e compromisso com o SUS.

Com mais de 30 anos de vida profissional dedicada ao serviço público, atuando em funções técnicas e de gestão, Eduardo Hage ocupou funções estratégicas na implementação da vigilância em saúde em nosso país, tornando-se referência na efetivação do SUS tal como inserido na Constituição Federal: inclusivo, democrático e efetivo.

Exigimos transparência e imediato esclarecimento sobre as razões dessa medida extrema, bem como ressaltamos a importância da presunção de inocência. Numa nova demonstração de interesses na propagação de acusações e conclusões precipitadas, não podemos permitir que essas ações atinjam a honra de pessoas comprometidas com o país."

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