Após a prisão do secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo, deputados distritais voltaram a cobrar o presidente da Câmara Legislativa, Rafael Prudente (MDB), para que seja instalada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia para investigar as ações do governo durante a crise sanitária.
O requerimento do deputado Leandro Grass (Rede) já contava com a assinatura de 10 parlamentares da Casa e, após a operação desta terça-feira (25/8), mais dois se manifestaram a favor da investigação.
Em ofício enviado a Prudente na manhã desta terça-feira, Grass destaca a prisão de Araújo e de mais seis membros da alta cúpula da Secretaria de Saúde.
“Isso demonstra, a não mais poder, que a publicação e instalação da CPI da Pandemia, requerida por mim e por outros nobres colegas, é premente, necessária e urgente. O Poder Legislativo não pode mais esperar, sobretudo porque uma de suas funções precípuas é a fiscalização”, afirma.
“É preciso dar respostas à população do Distrito Federal, que sofre com a alta desenfreada de casos de covid-19, mudança de metodologia de contagem que prejudica a transparência dos dados, escassez de remédios e materiais para o controle da pandemia, inexistência e ineficácia de testes, além de eventuais desvios de dinheiro público”, prossegue.
O que diz Prudente
O regimento interno da Câmara Legislativa permite que apenas duas CPIs funcionem simultaneamente na Casa. Atualmente, existe uma em funcionamento, que é a da Pedofilia. Pela ordem, a próxima a ser instalada é a das fake news.
Prudente alega que não pode furar essa fila para instalar a CPI da Pandemia e que a única maneira de haver três em funcionamento é se treze deputados distritais assinarem o requerimento — ou seja falta uma. Outra alternativa é a retirada da inquérito das fake news, mas como o autor, o deputado Hemeto (MDB), é da base governista, isso dificilmente ocorrerá.
Caso uma das duas coisas ocorram, o presidente da CLDF afirma que dará prosseguimento à instalação da CPI da Pandemia. Prudente colocou a Casa à disposição e elogia o trabalho de investigação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Segundo ele, o “assunto é grave” e os culpados têm que ser responsabilizado.
Operação Falso Negativo
Na manhã desta terça-feira, o MPDFT realizou a segunda fase da Operação Falso Negativo que investiga fraude em licitação, lavagem de dinheiro, crime contra a ordem econômica (cartel), organização criminosa e corrupção ativa e passiva em compra de testes de covid-19 pelo Governo do Distrito Federal.
As investigações apontam que o superfaturamento na aquisição dos insumos soma prejuízo superior a R$ 18 milhões aos cofres público. Há fortes evidências de que as marcas dos produtos adquiridos são de baixa qualidade, o que pode apontar um resultado enganoso — por isso o nome falso negativo.
Mensagens obtidas pelo Blog CB Poder mostram que Araújo pediu que o resultado de testes de covid-19 de figuras influentes da política da capital federal fossem acelerados. Após as prisões, o governador Ibaneis Rocha (MDB) afastou os envolvidos e reconduziu o titular anterior da Secretaria de Saúde ao cargo.
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