Na última semana, a Secretaria de Saúde anunciou a mudança no método de divulgação de óbitos pela covid-19 nos boletins publicados diariamente. Em entrevista ao CB. Poder — uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília —, nesta segunda-feira (24/8), o subsecretário de Vigilância à Saúde da capital, Eduardo Hage, explicou as alterações adotadas.
“Muito tem sido falado sem conhecer de fato como está sendo a divulgação. Pela secretaria, há duas formas principais de divulgação dos dados das informações diárias”, diz. A primeira metodologia é o boletim epidemiológico. “Dentro de seis meses, nós fizemos todos os dias a produção e divulgação diária de todas as informações. Até hoje, nada mudou e não irá mudar. Ela é uma forma que está muito bem construída.”, ressalta.
A outra opção é o painel interativo, feito em parceria com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-DF). “Esse painel permite que as pessoas olhem os dados não só de hoje, como também selecionar o período de tempo para observação e fazer algumas seleções e análises da forma que queira”, afirma Hage.
Segundo o subsecretário, a mudança vai acrescentar informações na divulgação dos dados. “Nós vamos manter esse gráfico, ou seja, não haverá supressão de nenhum dado no painel, e vamos introduzir outras informações que já existiam no boletim. Então não é uma mudança de metodologia, mas, sim, qualificação dos dados e das informações”, afirma. “Mais assertivamente, não é a forma da divulgação. A mudança diz respeito à forma de notificação ou critérios e notificação tanto de casos quanto de óbitos”, completa.
Para a confirmação de casos e óbitos era necessária, até recentemente, uma confirmação laboratorial com alguns dos testes de covid-19 existentes. De acordo com Hage, o Ministério da Saúde atualizou esse critério e acrescentou o exame radiológico, especialmente o de imagem por tomografia computadorizada. “Nós estamos nos adequando a isso. Só que há diferenças entre a sensibilidade e a forma de detectar e confirmar óbitos no DF em relação a outros estados. Aqui, nós conseguimos utilizar outras técnicas em 99% dos óbitos. Ou seja, em um percentual muito pequeno não é possível fazer a coleta em tempo oportuno”, explica.
Para esses casos, está sendo analisado se há algum exame de imagem ali presente, ou informação epidemiológica clínica para que ele seja confirmado. “Em alguns outros estados não é possível fazer isso. Então são critérios que todos os estados utilizam, mais adequado para a sua realidade de capacidade do sistema”, pondera o subsecretário. “O que nós estamos fazendo é qualificando a divulgação da ocorrência de óbitos com a data do registro, agregando-se aí a informação da ocorrência de óbitos com a data da sua ocorrência. Então nós estamos incluindo informações.”
Platô da covid-19
O platô acontece quando o número de casos ativos do novo coronavírus permanece o mesmo ao longo do tempo em um determinado local. Ao ser questionado quanto o atual momento que o DF tem vivenciado, o subsecretário defendeu que a capital atravessa um momento que teve início em julho. “A próxima tendência é de redução, especialmente do número de óbitos, considerando o número de pessoas que temos observado em casos graves ocupando leitos de unidade de terapia intensiva (UTI). Já se apresenta uma redução”, acredita.
Apesar da previsão de redução, Hage diz que ainda não é possível afirmar, com exatidão, quando haverá redução acentuada do número de casos e de óbitos. “Nós já temos mais de um mês de entrada nesse período e platô, e não há nenhum indicador de que surgirá um aumento do número de casos e óbitos a partir de agora. Pelo contrário. Nós analisamos os casos graves de ontem, em que havia 713 pessoas internadas em leitos de UTI. Mas esse número é exatamente igual ao de um mês atrás. Já chegamos a ter 800 pacientes em leitos de UTI. Ou seja, já houve uma redução de 70. Isso indica uma redução muito provável na ocorrência de óbitos”, diz.
Assista à íntegra da entrevista aqui.
* Estagiária sob supervisão de Nahima Maciel
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