Em ação na Colônia Agrícola 26 de setembro nesta quarta-feira (19/8), o DF Legal derrubou seis casas e outras construções na área. O órgão afirmou que “as ações não atingirão casas habitadas, sobretudo considerando a pandemia da covid-19”. Contudo, não foi o que aconteceu com Marcos Paulo, 39.
O músico morava há seis meses em um pequeno barraco que havia construído com a ajuda de amigos e familiares, uma vez que está desempregado desde o início da pandemia. “Eu estava morando aqui no meu lote, fiz um barraco com todo o sacrifício. O barraco não é tão antigo, mas eu moro aqui há seis meses e ainda não consegui rebocar ele. A gente não pode fazer nada diante do governo. Só as autoridades competentes podem ajudar a gente neste momento tão difícil. É só tristeza em um momento desse”, afirma o músico.
Com a derrubada de edificações, cerca de 100 moradores da região resistiram à ação das autoridades com barricadas, pedradas e coquetéis molotov. O Capitão Emerson Nilândio, subcomandante do 15° Batalhão da Polícia Militar da Estrutural, explica que a ação da força de segurança foi para assegurar a atuação da DF Legal.
“Essa área é conhecida por histórico de confrontamento. Não é toda vez, mas é frequente. Quando nós chegamos aqui, já tinham cerca de sete barricadas armadas pegando fogo. O aparato estatal já chegou aqui sendo agredido. Foi necessário o uso da tropa de choque para poder dispersar e os órgãos poderem executar sua função”, explicou o capitão.
Ana Paula Barbosa de Oliveira, 37 anos, mora no assentamento há três anos e é mãe de Sthefany, 12, e Luan, 17. Ambos os filhos sofreram os efeitos da bomba de gás lacrimogêneo, utilizado para dispersar os manifestantes. A bomba foi lançada no quintal da casa deles.
“Eles falaram para a gente ficar dentro da nossa casa. O pessoal da rua, que não estava próximo de suas residências, estava resistindo. Mas a gente se afastou e entrou para dentro de casa. Quando a gente entrou, eles jogaram a bomba de efeito moral. Todo mundo ficou sufocado, lá dentro, a casa não tem ventilação de ar”, afirmou Ana Paula. De acordo com ela, a filha passou mal e o nariz do filho mais velho começou a sangrar devido à inalação.
Nesta quarta-feira (19/8), a DF Legal derrubou seis casas, um galpão, duas cisternas, duas fossas, um barracão de madeira, uma caixa d’água, 110 metros lineares de muro e quatro pontos de energia. De acordo com a pasta, a operação, chamada Pronto Emprego, visa à retirada de edificações ainda em fase inicial de construção, muros, cercas e guaritas. Apenas neste ano, realizou sete operações na 26 de Setembro.
"Sugere-se que paralisem todas as obras porque elas sofrerão ações fiscais. Todas aquelas construções habitadas serão dirigidas ao comitê de governança, a fim de definir uma ação de governo oportuna", afirmou o secretário da DF Legal, Cristiano Mangueira.
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