A realização de cultos, missas e rituais religiosos está autorizada em todos os templos do Distrito Federal. A decisão foi publicada ontem no Diário Oficial do Distrito Federal. Até então, estava permitido o funcionamento apenas dos espaços com a capacidade superior a 200 pessoas. No entanto, os locais devem seguir as regras para evitar a disseminação da covid-19, como distanciamento mínimo de um metro e meio, disponibilização de álcool em gel, utilização de máscaras e aferição de temperatura. Caso a pessoa esteja com sintomas gripais, é recomendado que fique em casa. De acordo com balanço mais recente da Secretaria de Saúde, 114.359 pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus, com 26 mortes pela doença em 24 horas.
Na comunidade católica, cerca de 20 sacerdotes testaram positivo para a covid-19. De acordo com o padre João Firmino, da Catedral de Brasília, grande parte teve a infecção da forma mais leve. “A maioria recuperou-se, cinco estão em quarentena e três continuam internados”, detalha. Sobre a reabertura das 200 capelas, João Firmino ressalta que os fiéis não retornem todos de uma vez. “Lembrar que, mesmo com a liberação, há a limitação do espaço. A orientação é de que liguem na paróquia e verifiquem a questão do horário e da capacidade”, alerta. Além das medidas sanitárias, o espaçamento de horário entre uma celebração e outra deve ser de duas horas, para evitar aglomeração na porta das igrejas.
Os assentos, em todos os templos religiosos, devem estar dispostos em fileiras alternadas, sendo uma ocupada e uma, não. Permanece a proibição do acesso para crianças menores de 12 anos, além de pessoas com comorbidade. Na última quarta-feira, o governador Ibaneis Rocha (MDB) liberou a participação de maiores de 60 anos. Mesmo sabendo que pode ir à missa presencialmente, o católico José Orlando de Queiroz, 65 anos, prefere não arriscar com tanta frequência. “Estou acompanhando pela internet. Não me sinto seguro”, conta. No entanto, o aposentado não tem deixado de ir à Paróquia São Paulo, no Guará 1, para rezar. “Vou em horários de pouca movimentação. Eu passo lá duas ou três vezes na semana.”
Para o evangélico Bruno Vieira, 37, as restrições nos cultos levou a uma nova rotina. “Essa é a primeira vez que irei aos cultos sem a minha esposa. Somos líderes na igreja, fazemos tudo juntos. Mas, como temos uma filha pequena (6 anos), ela está ficando em casa e assiste ao culto pela internet”, revela. Além disso, a mulher dele está grávida de quatro meses. “A gente entende que, nesse momento, é necessário.”
Segundo o presidente do Conselho de Pastores Evangélicos do Distrito Federal (Copev), Josimar Francisco da Silva, cerca de 4 mil igrejas evangélicas reabrirão as portas. “Encaro esse retorno de forma positiva. Muita gente que está passando por algum problema em casa poderá sair um pouco e buscar reconforto na igreja”, pontua. Porém, Josimar ressalta que as regras de prevenção à covid-19 devem ser seguidas rigorosamente.
Apesar da liberação, os centros espíritas que atuam na capital devem manter as atividades de forma on-line, ou com atendimento reduzido e agendado. O presidente da Federação Espírita do Distrito Federal, Paulo Maia da Costa, explica que esse não é o momento ideal para a reabertura. “Não sabemos qual é a fundamentação dessa liberação. A curva de contaminados está alta. Tem muita gente com dificuldade de fazer os testes. Decidimos preservar a vida e ficar mais um mês em isolamento”, ressalta.
A Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno ressalta que ficará a cargo de cada terreiro a responsabilidade de reabertura ou não. Dos 700 em atuação na capital, mais de 100 posicionaram-se por manter as portas fechadas. De acordo com o presidente da entidade, Rafael Moreira, pelo menos seis sacerdotes morreram por causa da covid-19 no DF.
Balanço
Em 24 horas, o Distrito Federal contabilizou mais 1.996 confirmações do novo coronavírus, além de 26 mortes. No total, a Secretaria de Saúde registrou 131.166 notificações, com 1.768 óbitos. A maioria das mortes registradas ontem foi de moradores de Taguatinga (5), Ceilândia (4) e Plano Piloto (4). Com 16.521 casos, Ceilândia continua como a região administrativa de maior incidência da doença. Em seguida, aparecem Plano Piloto (10.814) e Taguatinga (10.021).
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