As academias do Distrito Federal completaram um mês de reabertura, após decretos governamentais e decisões da Justiça que suspenderam as atividades nos estabelecimentos em virtude da pandemia do novo coronavírus. Com um cenário ainda bem diferente daquele de março, antes do período das crises econômica e sanitária, as empresas agora se encontram em uma retomada lenta, com uma atenção especial a cada cliente e protocolo possível.
Pesquisa da empresa de gestão de academias Tecnofit mostrou que as academias do DF tiveram queda de alunos e redução de matrículas, durante a quarentena, de 61%, mas houve uma recuperação de 58% dos clientes após a reabertura. O retorno aos estabelecimentos permite um respiro ao setor, que chegou a ter quase metade da base de funcionários desligada, em torno de 4,5 mil.
“É natural que o primeiro mês tivesse essa retomada mais lenta, mas, a cada semana que se passa, os clientes vão se sentindo tranquilos para retornar”, avalia Thiago Barreto, gerente regional de operações da Bodytech. “Mesmo com uma série de restrições, é melhor estar assim a ficar com academias fechadas. Porque sabemos que a atividade física é vital, principalmente em tempos em que a imunidade e a prevenção de comorbidades são coisas tão importantes”, afirma Thiago. Entre as obrigações, estão, por exemplo, a disposição dos equipamentos à distância de dois metros uns dos outros, a suspensão do uso de pontos de biometria, o fechamento de uma a duas vezes por dia para limpeza e, o ponto que mais gera debate, a proibição dos chuveiros dos vestiários.
Para Thais Yeleni Ferreira, presidente fundadora do Sindicato das Academias do DF (Sindac), esse último tópico ainda dificulta a retomada do setor. “O decreto tem alguns critérios que não dizem respeito à segurança e que não entendemos. Como tem muita gente que vai da academia para o trabalho, ou do estudo para a academia, o bloqueio de vestiários complica muito. Mas temos conversado com o governo para deixar isso de uma forma mais clara, que facilite mais aos clientes”, diz Thais.
Novo normal
Os alunos que frequentam a academia neste período da reabertura tiveram de se adaptar aos exercícios com máscara, distanciamento e álcool em gel. “Sou médica e sei da importância da atividade física para a manutenção da saúde do corpo e da mente. Mas fiz isso também porque vi que a academia a qual frequento colocou um aparato diferenciado para lidar com a pandemia”, detalha Cinthia Borduque, 33 anos, aluna da Bodytech do Sudoeste.
Quem também cita esse trabalho conjunto de empregados e clientes é a digital influencer Dayane Mendes, 29. “Os equipamentos têm placas que informam os que são permitidos e os que estão interditados. Naqueles que estão em uso, há também uma indicação que mostra se ele foi higienizado ou precisa ser, mas vejo que todo mundo que termina o exercício colabora com a limpeza”, cita a moradora de Águas Claras. Ela avalia ainda que a curva de casos da covid-19 pode ir aumentando com a retomada econômica por conta de um relaxamento da população. “Mas, nos locais em que há esses protocolos de segurança e tudo é bem rígido, as pessoas têm mais consciência”.
Os depoimentos positivos de clientes permitem os números positivos da retomada. É isso que acredita Luciano Girade, proprietário de três unidades da Bluefit no DF. “Recebemos a vigilância sanitária, que faz as avaliações dos protocolos, mas digo que os maiores fiscalizadores são os próprios alunos. Se houver algo errado em qualquer academia do DF, eles são os primeiros a fazer uma denúncia ou até a colocar uma imagem em redes sociais. Mas isso também pesa para o bem, porque nas nossas unidades percebemos que um cliente vai vendo que o local é seguro e vai passando isso para a rede de relacionamento dele, que gera essa publicidade positiva”, conta. Luciano diz ainda que realizou pesquisas para identificar padrões dessa reabertura.
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