Depois de receber a denúncia de que uma farmácia do Núcleo Bandeirantes estava fazendo a venda de remédios que demandam prescrição médica sem a receita, o Conselho de Farmácia do Distrito Federal (CRF-DF) foi até o local para fiscalizar. Na manhã desta sexta-feira (7/8), três agentes da equipe de fiscalização da CRF-DF estiveram na Drogaria Ultrapopular, no Núcleo Bandeirantes.
Segundo informou o Conselho, foi encaminhado um processo para a comissão de ética do CRF/DF apurar a denúncia e, se for constatada a irregularidade, os farmacêuticos podem ser penalizados. Durante a fiscalização, um atendente foi visto negociando a venda dos produtos. “Embora não tenham encontrado o kit para “tratamento” da COVID-19, os fiscais presenciaram o balconista combinando a venda com um cliente. Os fiscais orientaram a farmacêutica sobre a conduta fora dos padrões éticos e encaminharam o processo para a comissão de ética do CRF/DF para apurar as responsabilidades”, diz a nota do CRF-DF.
A presidente do Conselho Regional de Farmácia, Gilcilene Chaer, disse que foi lavrado o termo de visita. “É dever do farmacêutico seguir as legislações vigentes para o exercício da sua função e, sobretudo, orientar a população quanto ao uso indiscriminado de medicamentos para o tratamento da covid-19 e demais utilizações. Além disso, a sociedade necessita descontinuar a prática de uso de medicamentos por conta própria, no sentido de evitar complicações e manifestações contrárias ou indesejáveis tanto na covid, como nas demais patologias. Caso a farmácia esteja dispensando medicamentos de prescrição médica sem a receita do médico, o farmacêutico poderá responder eticamente por esse ato”, explicou.
Após a fiscalização, a equipe da Tv Brasília conversou com o farmacêutico responsável pela drogaria. Rafael Nobre disse que o local não comete nenhuma irregularidade. Perguntado se há venda de Kit Covid pelo Whatsapp ele negou a denúncia. “Eles estavam alegando a venda desse kit, mas tá tudo certo. A gente conseguiu vender os medicamentos que tinham antes de dar a resolução que tinha que ser controlado, a Ivermectina, e depois as distribuidoras não tem mais, você não encontra nem pra comprar Então a denúncia não procede.Eles vieram fiscalizam tudo direitinho e viram que não tem irregularidade nenhuma”, disse Rafael.
O Correio e a Tv Brasília denunciaram que uma farmácia localizada no Núcleo Bandeirante vende, sem prescrição médica, fármacos que supostamente ‘previnem’ e ‘tratam’ a covid-19. O contato para a compra na Drogaria Ultra Popular é feito pelo WhatsApp de um funcionário que diz se chamar Flávio. O orçamento e o pedido são feitos antes e de acordo com a demanda da pessoa: se é pra “prevenir” ou para “curar”. O kit anti-covid-19 inclui Azitromicina, Leverctin, Zinco quelato, além de Vitamina C e D, ao custo de R$ 156. Já o kit de tratamento vem com Azitromicina, Zinco Quelato, Dexametasona e Clexane - com seis seringas - e custa R$ 407.
De acordo com a Anvisa, a fiscalização das farmácias é feita pela Vigilância Sanitária do Distrito Federal. Em nota, a agência informou que “as punições variam de acordo com cada caso concreto, mas podem ir de advertência, multa a interdição.” Frisou ainda que não há comprovação de eficácia de nenhum remédio contra o novo coronavírus.
A Subsecretaria de Imprensa do Governo do Distrito Federal informou que o Núcleo de Vigilância Sanitária do Núcleo Bandeirante não recebeu a denúncia, mas vai verificar a situação do estabelecimento. Disse ainda que, no primeiro semestre de ano, 7.482 drogarias e farmácias foram fiscalizadas em todo DF.
Especialistas ouvidos pela reportagem alertam que não existe medicamento capaz de prevenir ou curar a covid-19 aprovado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Já o Conselho Regional de Medicina alerta repetidamente que a automedicação pode trazer danos à saúde, como destaca o presidente Farid Buitrago. “Cada medicamento pode ter um efeito adverso e reage de forma diferente nos organismos. Os medicamentos devem ser uma consequência de uma consulta médica. O paciente deve ser consultado e, posteriormente, o médico faz a recomendação do medicamento de acordo com a patologia. Por isso, não recomendamos a automedicação, pois ela pode trazer efeitos colaterais danosos à saúde.”
Após a publicação da reportagem, a Rede Farmarcas se manifestou informando que a drogaria localizada no Núcleo Bandeirantes utiliza a marca Ultra Popular irregularmente.
Nota da Farmarcas referente à reportagem ‘Farmácia no Núcleo Bandeirante vende ilegalmente ''kit covid-19''’
A Farmarcas, administradora de redes associativistas de farmácias, vem por meio desta nota alertar sobre o fato de que drogaria denunciada na reportagem ‘Farmácia no Núcleo Bandeirante vende ilegalmente ''kit covid-19''’, utiliza de formar irregular a marca das Drogarias Ultra Popular (https://www.drogariasultrapopular.com.br/).
A administradora informa também que as ações praticadas pela referida loja estão em total desacordo com o trabalho ético e responsável praticado pelas mais de 760 unidades das Drogarias Ultra Popular em todo o país, cuja preocupação básica é o cuidado sério e comprometido com a saúde da população.
Informamos também que nossa área jurídica já foi acionada e está tomando as medidas legais cabíveis para que nossa marca não seja mais utilizada de forma irregular e desleal pela empresa referida na reportagem. Também, parabenizamos o Correio Braziliense pela apuração séria que nos levou a tomar conhecimento dessa ação em desacordo com a lei.
As Drogarias Ultra Popular formam uma das maiores e mais respeitáveis redes de farmácias do Brasil e se caracterizam por atuarem no modelo associativista desenvolvido pela Febrafar – Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias, tendo como foco a capacitação dos empresários e a excelência na gestão operacional das suas lojas.
As farmácias da rede estão presentes em mais de 280 cidades brasileiras, inclusive nas principais capitais do país. As Drogarias Ultra Popular possuem uma marca com grande credibilidade e confiança do consumidor, que prioriza o melhor preço aos seus consumidores.
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