Na virada do ano de 1988 para 1989, uma tragédia abalou o Brasil. O naufrágio do Bateau Mouche IV, uma embarcação de luxo, resultou na morte de 55 pessoas entre os 142 passageiros a bordo. Este evento catastrófico é o foco da série documental “Bateau Mouche: O Naufrágio da Justiça“, que estreia na plataforma de streaming Max. A série investiga as circunstâncias e consequências deste desastre marítimo que chocou o país.
O Bateau Mouche IV, que deveria ser uma celebração de Réveillon, transformou-se em um pesadelo. Entre as vítimas estava a atriz Yara Amaral, conhecida por seu trabalho em novelas da TV Globo. A série documental, dirigida por Tatiana Issa e Guto Barra, utiliza imagens de arquivo e entrevistas exclusivas para reconstruir os eventos daquela noite fatídica e explorar as falhas que levaram ao naufrágio.
Quais foram as causas do naufrágio do Bateau Mouche?
As investigações revelaram várias irregularidades que contribuíram para o naufrágio do Bateau Mouche IV. A embarcação estava superlotada, com mais passageiros do que sua capacidade permitia. Além disso, o barco apresentava problemas estruturais, como entrada de água do mar por escotilhas abertas e banheiros do convés inferior. A distribuição inadequada de móveis e uma camada de cimento mal colocada no convés superior também foram fatores críticos.
A Marinha do Brasil foi criticada por ter liberado alvarás e permissões para o barco, apesar das condições precárias. A capacidade original da embarcação era para 28 passageiros, mas foi legalmente estendida para 153, um número muito acima do seguro. A série documental aborda essas questões, buscando respostas sobre como tais permissões foram concedidas.
Como a série documental aborda o naufrágio?
A série “Bateau Mouche: O Naufrágio da Justiça” é composta por três episódios que detalham o impacto do desastre. Os dois primeiros episódios focam nas histórias pessoais das vítimas e recriam o momento do naufrágio. O terceiro episódio explora o processo judicial que se seguiu, destacando a impunidade dos responsáveis, empresários espanhóis que operavam empreendimentos turísticos no Rio de Janeiro.
O material dos autos do processo nunca foi digitalizado e estava prestes a ser destruído quando a equipe da série conseguiu acesso a ele. Este material é crucial para entender as falhas no sistema judicial que permitiram que, décadas após a tragédia, nenhum dos envolvidos estivesse preso e apenas uma família tivesse recebido indenização.

O impacto duradouro do naufrágio do Bateau Mouche
O naufrágio do Bateau Mouche IV não apenas marcou a história marítima do Brasil, mas também se tornou um símbolo de impunidade. A série documental busca não apenas contar a história do desastre, mas também provocar uma reflexão sobre a justiça e a segurança marítima no país. A tragédia permanece como um lembrete sombrio das consequências de negligências e falhas institucionais.
Ao revisitar este evento, a série oferece uma oportunidade para o público refletir sobre as lições que podem ser aprendidas e as mudanças necessárias para evitar que tragédias semelhantes ocorram no futuro.