Colorida, vibrante e cheia de histórias, Valparaíso, no Chile, não é uma cidade que se entende apenas com guias tradicionais. Ali, os próprios moradores são os responsáveis por criar mapas turísticos alternativos, com roteiros afetivos, históricos e culturais, revelando um lado da cidade que só quem vive nela conhece.
Esses mapas feitos à mão ou em plataformas colaborativas são uma forma de recontar Valparaíso por dentro — com olhar local, diversidade e memória viva.
Como funcionam os mapas feitos por moradores?
- Comunidades, artistas, estudantes e organizações culturais se reúnem para criar mapas temáticos, como:
- Trilhas de arte de rua
- Roteiros históricos de resistência política
- Caminhos gastronômicos de moradores
- Mapas afetivos de infância ou memória de idosos
- Os mapas podem ser digitais, interativos ou impressos, e são distribuídos em hostels, cafés, centros culturais e redes sociais
- Muitos contam histórias pessoais, curiosidades e dicas fora dos roteiros comerciais, com foco em experiências autênticas e sustentáveis
- Projetos como o “Valpo Intervenido” incentivam o uso desses mapas como ferramenta de educação urbana e empoderamento comunitário
Com isso, o turista deixa de ser apenas visitante — e passa a ver a cidade com os olhos de quem a vive.

Por que Valparaíso adotou essa prática?
A ideia surgiu com base em:
- Um forte movimento artístico e comunitário que valoriza a identidade local e a cultura de base
- A necessidade de democratizar o turismo, distribuindo os benefícios e evitando a superexploração de certos pontos
- O desejo de mostrar que Valparaíso é mais do que mirantes e elevadores: é feito de histórias vivas e múltiplas vozes
- Promover um turismo participativo, educativo e horizontal, onde o morador tem papel ativo
É um modelo que reconhece o saber popular como ferramenta legítima de interpretação urbana.
Curiosidades sobre os mapas afetivos de Valparaíso
- Alguns mapas são desenhados por crianças, idosos ou migrantes, com visões únicas da cidade
- Há roteiros com lugares para ouvir música ao vivo escondidos entre os cerros, e outros com locais de memórias da ditadura
- Os mapas incluem dicas sustentáveis, como restaurantes com comida local, mercados de troca e feiras orgânicas
- Em festivais como o “Puerto de Ideas”, são lançados novos mapas colaborativos com roteiros inéditos
- Muitos mapas têm versões em língua indígena, braile ou áudio, promovendo acessibilidade
Valparaíso mostra que o melhor jeito de conhecer uma cidade é ser guiado por quem vive nela — e que cada mapa pode ser uma carta de amor ao território.