Em Montevidéu, capital do Uruguai, a moeda mais valiosa entre vizinhos não é o dinheiro — é o tempo. A cidade criou um sistema comunitário conhecido como “banco de tempo”, onde os moradores trocam favores, serviços e habilidades usando horas como unidade de troca.
Essa iniciativa promove a solidariedade urbana, o fortalecimento das redes locais e o aproveitamento das habilidades individuais em benefício coletivo, sem envolver dinheiro.
Como funciona o banco de tempo em Montevidéu?
- Cada participante oferece algum serviço ou conhecimento — como dar aulas, costurar, cozinhar, consertar algo, cuidar de crianças ou ajudar com tarefas domésticas
- Ao prestar o serviço, a pessoa “ganha” o tempo investido (ex: 1 hora de aula = 1 crédito)
- Esses créditos podem ser usados para “comprar” outro serviço de outro membro da rede, como trocar 1 hora de aula de violão por 1 hora de ajuda em jardinagem
- A plataforma é gerenciada por associações de bairro ou organizações sociais, com apoio da prefeitura em alguns casos
- Tudo é baseado na confiança mútua, reciprocidade e valorização do tempo e talento de cada um
Não importa o serviço prestado — toda hora vale igual, reforçando a ideia de igualdade e cooperação real.

Por que Montevidéu criou um banco de tempo?
A proposta surgiu como alternativa a modelos tradicionais de economia, com o intuito de:
- Fortalecer os vínculos comunitários e a convivência entre vizinhos
- Valorizar talentos que muitas vezes não encontram espaço no mercado formal
- Estimular a cultura da ajuda mútua e da economia colaborativa
- Reduzir a dependência do dinheiro como única forma de acesso a serviços
- Combater o isolamento social, especialmente entre idosos e moradores em situação de vulnerabilidade
A iniciativa também promove empatia, pertencimento e autoconfiança, mostrando que todos têm algo valioso a oferecer.
Curiosidades sobre o banco de tempo de Montevidéu
- O projeto começou em bairros periféricos, mas hoje se espalha por diversas partes da cidade
- Existem “feiras de tempo”, onde os participantes divulgam seus talentos e se conectam com outros vizinhos
- Os participantes recebem um “relógio simbólico”, que marca os créditos de tempo ganhos e usados
- Algumas escolas e centros culturais adotaram o banco de tempo como modelo de troca de conhecimento entre alunos e comunidade
- O sistema inspirou ações semelhantes em outras cidades da América Latina, como Rosário (Argentina) e Valparaíso (Chile)
Montevidéu mostra que tempo é riqueza quando compartilhado — e que o valor de uma comunidade está em tudo o que cada pessoa tem para doar, ensinar ou cuidar.