O fenômeno climático conhecido como La Niña ocorre quando há um resfriamento significativo das águas na faixa Equatorial Central e Centro-Leste do Oceano Pacífico. Este resfriamento é caracterizado por uma diminuição de temperatura igual ou superior a 0,5°C, e costuma ocorrer a cada três a cinco anos. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) monitora constantemente as condições do Pacífico Equatorial, prevendo uma probabilidade de 60% de retorno à fase neutra entre março e maio, aumentando para 70% entre abril e junho.
Embora a possibilidade de desenvolvimento do El Niño entre março e junho seja considerada insignificante, as previsões sazonais para ambos os fenômenos são ferramentas cruciais para antecipar alertas e ações relacionadas aos padrões climáticos globais. A Secretária-Geral da OMM, Celeste Saulo, destaca a importância dessas previsões, especialmente em um contexto de mudanças climáticas induzidas pelo homem, que têm alterado significativamente os padrões climáticos.
Quais são os efeitos do La Niña no Brasil?
Mesmo um La Niña considerado fraco pode causar alterações significativas no clima. No Brasil, os efeitos clássicos incluem um aumento das chuvas nas regiões Norte e Nordeste, enquanto o Centro–Sul enfrenta um tempo mais seco e chuvas irregulares. No Sul do país, há uma tendência de tempo mais seco, além de condições favoráveis para a entrada de massas de ar frio, resultando em maior variação térmica.

De acordo com Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo, o cenário atual já reflete os efeitos de uma La Niña de curta duração. Ele explica que, embora o fenômeno traga pouca chuva para o Centro-Sul, aumenta a probabilidade de granizo, especialmente em São Paulo, onde temporais acompanhados de granizo têm sido frequentes.
Como o La Niña influencia o clima global?
O La Niña tem um impacto significativo nos padrões climáticos globais. A atmosfera mais fria facilita a formação de granizo, enquanto o deslocamento do jato subtropical para o norte aumenta as áreas de instabilidade no Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Esse deslocamento, combinado com calor e umidade, gera mais tempestades.
A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), responsável por levar chuvas para o norte do país, também está descendo, aumentando as chuvas no Amapá e no norte do Pará. Em breve, espera-se um aumento das chuvas no norte do Nordeste, especialmente no Maranhão, Piauí e Fortaleza.
El Niño e La Niña: Quais são as diferenças?
O El Niño é a fase positiva do fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS), enquanto o La Niña representa a fase negativa. Durante o El Niño, o calor é intensificado no verão e o inverno é menos rigoroso no Brasil, devido à dificuldade no avanço de frentes frias. O fenômeno causa secas no Norte e Nordeste e chuvas excessivas no Sul e Sudeste.
Embora o último inverno tenha sido impactado pelo El Niño, agora observa-se um resfriamento mais evidente das águas do Pacífico, confirmando o estabelecimento do La Niña. A atuação mais persistente das Altas da Cordilheira dos Andes (ACAs) também contribui para manter o padrão de pouca chuva no Centro-Sul, enquanto aumenta a umidade no Norte e Nordeste.