No sul do México, uma tecnologia inovadora está lançando luz sobre as ruínas de uma antiga cidade zapoteca, datada de 600 anos atrás. Utilizando o lidar, uma técnica que emprega pulsos de laser para mapear terrenos, pesquisadores descobriram a extensão e a organização urbana de Guiengola, uma cidade do século XV. Esta pesquisa, liderada por Pedro Guillermo Ramón Celis, pós-doutorando em antropologia na Universidade de McGill, oferece novas perspectivas sobre a vida e a estrutura social dos zapotecas.
O estudo, publicado na revista Ancient Mesoamerica, levou cerca de dois anos para ser concluído, desde a coleta inicial dos dados em dezembro de 2022 até a publicação final em novembro de 2024. Os resultados revelam uma cidade complexa, com uma rede de edifícios, muros e estradas que indicam uma sociedade altamente organizada.
Como o Lidar transformou a arqueologia em Guiengola?
A tecnologia lidar, que significa detecção e alcance de luz, foi fundamental para mapear a cidade de Guiengola. Instalado em uma aeronave, o lidar emite milhões de pulsos de laser em direção ao solo. Ao medir o tempo que a luz leva para retornar, é possível criar um mapa detalhado do terreno, revelando estruturas ocultas pela vegetação ou pelo tempo.
Em Guiengola, o lidar revelou uma cidade que se estendia por 360 hectares, com mais de 1.100 edifícios e uma rede de estradas internas. A cidade possuía templos, espaços comuns e bairros distintos para elites e plebeus, demonstrando uma clara divisão social e uma organização urbana sofisticada.

O que sabemos sobre a sociedade Zapoteca em Guiengola?
Os zapotecas, um povo indígena com uma rica história no México, estabeleceram Guiengola no istmo de Tehuantepec, próximo ao Oceano Pacífico. A cidade foi habitada por cerca de 150 anos, de aproximadamente 1350 até 1500, antes de ser abandonada algumas décadas antes da chegada dos europeus em 1521.
Durante seu auge, Guiengola abrigava milhares de habitantes. Estima-se que pelo menos 5.000 pessoas viviam permanentemente na cidade. Os zapotecas eram conhecidos por suas habilidades militares e, segundo registros históricos, repeliram um ataque asteca em 1497. Vestígios arqueológicos, como acumulações de pedras que podem ter sido usadas em batalhas, corroboram esses relatos.
Quais são os próximos passos na pesquisa de Guiengola?
Pedro Guillermo Ramón Celis planeja continuar as pesquisas arqueológicas em Guiengola, com o objetivo de aprofundar o entendimento sobre a vida cotidiana e as práticas culturais dos zapotecas. Estudos futuros poderão revelar mais sobre a transição dos zapotecas para a moderna cidade de Tehuantepec, após a conquista da região.
Essas descobertas não apenas enriquecem o conhecimento sobre os zapotecas, mas também demonstram o potencial do lidar em transformar a arqueologia, permitindo a exploração de áreas antes inacessíveis ou desconhecidas. A tecnologia continua a abrir novas janelas para o passado, oferecendo insights valiosos sobre civilizações antigas e suas contribuições para a história humana.