No nordeste da França, um pequeno vilarejo lançou um programa inovador para combater o desperdício de alimentos. A ideia central é simples: distribuir galinhas para os moradores, incentivando práticas sustentáveis e promovendo a economia circular. Este projeto, iniciado em 2015, tem como objetivo principal reduzir a quantidade de resíduos alimentares que acabam em aterros sanitários.
O programa foi uma iniciativa do então presidente da Agglomération de Colmar, Gilbert Meyer, que, em 2014, promoveu a ideia de “uma família, uma galinha”. A proposta era que cada residência adotasse galinhas, aproveitando os ovos frescos e utilizando restos de comida como ração para as aves. A partir de 2022, todos os 20 municípios da Agglomération aderiram ao projeto, distribuindo mais de 5.000 galinhas até 2025.
Como funciona o programa de distribuição de galinhas?
Os moradores interessados em participar do programa recebem duas galinhas, geralmente das raças Poulet Rouge ou galinhas da Alsácia. Eles assinam um termo de compromisso para cuidar adequadamente das aves, garantindo que tenham espaço suficiente e um ambiente adequado para viver. Inspeções aleatórias são realizadas para assegurar o bem-estar dos animais.
O programa não fornece galinheiros, cabendo aos moradores construí-los ou adquiri-los. As galinhas são alimentadas com restos de comida, o que ajuda a reduzir significativamente o desperdício de alimentos. Estima-se que cada galinha consuma cerca de 150g de resíduos biológicos por dia, evitando que toneladas de resíduos acabem em aterros.

Por que distribuir galinhas pode ser uma solução eficaz?
Os resíduos alimentares são uma das principais fontes de emissões de metano, um gás de efeito estufa com impacto significativo no aquecimento global. Ao utilizar restos de comida para alimentar galinhas, o programa não apenas reduz o desperdício, mas também diminui as emissões de gases nocivos.
Além disso, as galinhas proporcionam ovos frescos aos moradores, promovendo a autossuficiência alimentar. Este ciclo de economia circular é benéfico tanto para o meio ambiente quanto para a comunidade local. Em regiões onde os ovos são caros ou escassos, como em algumas partes dos Estados Unidos, essa abordagem pode oferecer uma solução prática e econômica.
Quais são os desafios e limitações do programa?
Embora o programa tenha sido bem-sucedido em Colmar, ele enfrenta desafios em outras regiões. A gripe aviária é uma preocupação constante, exigindo que as aves sejam mantidas em áreas protegidas. Além disso, a criação de galinhas requer recursos como ração, água e espaço, o que pode ser um obstáculo para famílias de baixa renda.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a distribuição gratuita de galinhas não é vista como uma solução viável devido à escassez de ovos e ao aumento dos preços. Especialistas apontam que, apesar dos benefícios, os custos associados à criação de galinhas podem superar as economias obtidas com a produção de ovos.
Impactos sociais e comunitários do programa
Além dos benefícios ambientais e econômicos, o programa de distribuição de galinhas em Colmar tem promovido um senso de comunidade entre os moradores. As famílias colaboram entre si para cuidar das aves, fortalecendo os laços sociais e criando uma rede de apoio mútua.
Este aspecto comunitário tem sido um dos fatores que contribuem para a continuidade e o sucesso do programa. Os moradores de Colmar abraçaram a iniciativa, e o projeto continua a crescer, inspirando outras regiões a adotarem práticas semelhantes para enfrentar o desperdício de alimentos e promover a sustentabilidade.