*Matéria escrita por Gabriella Collodetti, jornalista do CB Brands, estúdio de conteúdo do Correio Braziliense
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Distrito Federal possui um Produto Interno Bruto (PIB) industrial de R$ 10,2 bilhões e emprega mais de 100 mil trabalhadores no setor, com salários médios que superam os R$ 2,7 mil. Os dados, levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021, reforçam a importância do segmento para a capital.
Dentro desse contexto, um grande contribuinte para o fomento econômico da região é a Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), fundada em 1972. Dentro do seu escopo, atuam o Serviço Social da Indústria do DF (Sesi-DF) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do DF (Senai-DF), que iniciaram suas atividades em Brasília antes mesmo da criação da própria entidade, em 1958 e 1966, por meio do departamento nacional e do departamento regional de Goiás, respectivamente.
Na época, a região se assemelhava a um grande canteiro de obras com oportunidades a serem desbravadas por diferentes nichos do mercado. Na construção da cidade, o Sesi e o Senai atuaram ativamente para que o sonho de Juscelino Kubitschek se transformasse em realidade, com a criação da capital federal.
“O Sesi está em Brasília desde as obras da nova capital. Em 1958, já atuava dando suporte às empresas com atendimento em saúde, educação e em lazer aos candangos que trabalhavam na construção da cidade, em um galpão na Vila Operária da Novacap, hoje Candangolândia. O Senai, em 1966, iniciou a atuação no Distrito Federal, formando trabalhadores para atuarem na indústria da capital recém-inaugurada”, conta o presidente da Fibra, Jamal Jorge Bittar.
No caso do Senai, o trabalho começou a ser desenvolvido devido à necessidade de formação de profissionais qualificados para atuarem na construção da nova capital. Já as atividades do Sesi se iniciaram a partir dos primeiros atendimentos em promoção da saúde dos candangos e nos cuidados com a segurança do trabalho, sobretudo da construção civil. Pioneiras no Distrito Federal, as entidades somam histórias e experiências com o desenvolvimento a consolidação de Brasília.
De acordo com Bittar, em décadas de atuação, as entidades estão localizadas em vários pontos do Distrito Federal, com escolas e unidades em Brazlândia, no Gama, em Sobradinho, em Taguatinga, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), no Setor de Indústrias Gráficas (SIG) e no Plano Piloto.
Bittar ressalta a atuação do Sesi e do Senai como indutores do desenvolvimento industrial do Distrito Federal. "Por meio do Sesi-DF, essa missão é cumprida por meio da educação básica e da promoção da qualidade de vida do trabalhador. No caso do Senai-DF, por meio da qualificação profissional e do suporte às indústrias no apoio à inovação e à melhoria da produtividade", conta. Essa realidade, presente até os dias de hoje, fortalecem a indústria na capital.
Defendendo a industrialização do DF como o melhor caminho para o futuro da economia local, as entidades buscam expandir a atuação da indústria. Bittar avalia que este movimento é importante e necessário, especialmente para que ocorra a diversificação da matriz econômica da região, historicamente estruturada na administração pública.
"A máquina estatal já não tem mais a capacidade de geração de empregos e de renda para atender o crescimento populacional da região. Ao mesmo tempo, os setores de comércio e de serviços demandam pessoas com renda para se manterem. Nesse sentido, induzir o desenvolvimento industrial do DF significa garantir que Brasília continue a ser uma das melhores cidades do Brasil para se viver", explica.
Além disso, Bittar destaca que, considerando-se as características geográficas e socioeconômicas do DF, é viável que se incentive os setores industriais já instalados na região, mas que se crie um ambiente de negócios favorável à instalação de uma indústria tecnológica, inovadora e que produza bens de alto valor agregado.
“A indústria estar no planejamento de futuro da nossa cidade e gerar conhecimento e capacidade técnica para a indústria é parte fundamental desse processo. Brasília precisa dar um passo importante para o futuro ao diversificar a matriz econômica e trazer a indústria para o centro desse debate, com projetos que tornem cada vez maior a participação do setor industrial no PIB local”, defende.
Diálogo com o mercado
Buscando apoiar um ambiente de negócios favorável, o Sesi-DF e o Senai-DF caminham em conjunto para fomentar o mercado brasiliense. Com o Sesi-DF, é possível levar educação básica aos jovens com um método de ensino tecnológico e conteúdos integrados para prepará-los tanto de forma acadêmica como para o mercado de trabalho.
"Exemplo dessa ação está no investimento do Sesi-DF na robótica educacional. Desde 2013, o Sesi-DF tem a robótica no currículo da educação básica e participa de torneios nacionais e internacionais promovidos pela First Lego League (FLL), realizados no Brasil pelo departamento nacional do Sesi", exemplifica Bittar. Em maio, a equipe Albatroid, formada por alunos do Sesi Taguatinga, representará o Brasil no torneio Western Edge Open, que será realizado na Califórnia, nos Estados Unidos.
Com o Senai-DF, a qualificação profissional ocorre de forma gratuita para a comunidade, seja por meio do Programa Senai de Gratuidade Regimental, seja por meio de parcerias com instituições e os governos local e federal. Em 2023, a rede matriculou mais 54 mil alunos e formou mais de 35 mil profissionais em cursos das mais diversas áreas da indústria.
“Além da qualificação profissional, o Senai-DF também oferece às indústrias consultorias e serviços de metrologia que dão apoio às empresas na melhoria da produtividade e da qualidade”, indica Bittar.