Período de seca requer cuidados redobrados contra incêndios

Entre maio e setembro, o DF passa por um período de baixa umidade e vegetação mais seca, o que pode desencadear no aumento de incêndios na região

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postado em 12/07/2024 00:00
Novos equipamentos garantirão a brigadistas mais condições de atuar para a preservação do meio ambiente -  (crédito: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília)
Novos equipamentos garantirão a brigadistas mais condições de atuar para a preservação do meio ambiente - (crédito: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília)

De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF) de janeiro a junho deste ano, mais de quatro mil ocorrências de incêndios florestais foram registradas, um aumento de mais de 250% em comparação ao mesmo período de 2023. Um dos recentes episódios de grande proporção ocorreu no Lago Oeste, onde um incêndio atingiu cerca de 10km da vegetação e durou sete horas para ser combatido.

De acordo com o Instituto Brasília Ambiental, em unidades de conservação e parques administrados pela entidade, 121 incêndios foram registrados resultando em 336 hectares queimados apenas neste ano. Em todo o DF, foram 4.605 ocorrências e 3.600 hectares atingidos segundo informou o Corpo de Bombeiros.

Com a previsão da chegada da seca, em abril o Governo do Distrito Federal (GDF) se antecipou e decretou estado de emergência ambiental entre os meses de junho e novembro de 2024. A decisão permitiu a estruturação e preparação necessária para combater os incêndios que são recorrentes nessa época do ano.

Em entrevista ao Correio Braziliense, João Rafael, capitão do grupamento de proteção ambiental do CBMDF, avaliou o cenário: “Aparentemente, esta seca será mais forte, então a nossa expectativa é de que seja um ano de dificuldades, não devido ao nosso material ou preparo, mas às condições climáticas mesmo. Nós estamos esperando que neste ano haja, sim, um número alto de ocorrências”. explicou.

Diante do preocupante contexto, a Secretaria de Meio Ambiente e Proteção Animal do Distrito Federal (Sema-DF) alertou sobre o papel e o desempenho da população na prevenção ao fogo, sendo indispensável adotar práticas e comportamentos preventivos sobretudo nos períodos de estiagem. Segundo a pasta, embora o manejo do fogo seja permitido, durante períodos de seca é imprescindível evitá-lo, pois as ditas “queimadas controladas” podem facilmente sair de controle e gerar os incêndios que trazem prejuízos de diversas naturezas.

Essa é uma pauta séria, que acontece todos os anos e merece uma nova postura da população. Por essa razão, diversas entidades se mobilizam para atuar nesse sentido. Há mais de uma década, por exemplo, o Instituto Brasília Ambiental atua para conscientizar os moradores da capital.

Segundo o órgão, responsável também por executar políticas públicas ambientais e de recursos hídricos no Distrito Federal, são inúmeras as consequências dos incêndios. Por isso, há uma grande mobilização para realizar a prevenção e o combate a incêndios florestais. Por meio da Superintendência de Unidades de Conservação, Biodiversidade e Água (Sucon), por exemplo, o Instituto capacitou a equipe da Diretoria de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (DCIF) para atuação na área.

Érisom Vieira Cassimiro, diretor da DPCIF, ressaltou que o interesse da equipe em conhecer o Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais da Susano (Proflor), é por ser um sistema moderno e muito eficiente. “As imagens captadas em tempo real, 24h por dia, são enviadas para a central de monitoramento, onde um operador atua na detecção dos focos de incêndios e aciona as equipes de combate, quando necessário", informou.

Atuação conforme a estação

Organizada pelo Corpo de Bombeiros, Brasília conta com a Operação Verde Vivo (OPVV) engloba atividades preventivas, conscientização da comunidade sobre os riscos e precauções contra o fogo, além de ações diretas para combater incêndios, como o monitoramento contínuo de áreas vulneráveis e a rápida intervenção das equipes de bombeiros.

Segundo Sandro Gomes, comandante-geral do CBMDF, a operação preventiva já vem acontecendo antes da estiagem. Quando a seca chega, o trabalho passa a ser focado na prontidão para o combate ao fogo. "Nessa fase nós vamos nos colocar à disposição do combate ao incêndio florestal de forma que a gente tenha o mínimo de dano possível à natureza", explica.

Desde 1999, a operação OPVV visa a proteção do meio ambiente, dos animais e da população e conta atualmente, com 500 bombeiros, 27 caminhonetes, 24 caminhões-tanque, 22 caminhões de transporte da tropa, dois aviões e dois helicópteros, além de instituições parceiras. No seu escopo, ainda há o contingente de 150 brigadistas do Instituto Brasília Ambiental que foram contratados especialmente para esse período.

Prevenção

Embora o DF promova ações diversas de conscientização e no período de seca esteja estruturado para conter e debelar incêndios, a maior preocupação da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal é para que os incêndios não ocorram.

Nesse sentido, a entidade faz um apelo para que haja auxílio da imprensa como disseminadora de informação e sobretudo da população evitando as queimadas, principalmente nas áreas rurais próximas de matas e parques. A ação humana é responsável por cerca de 90% dos incêndios florestais. As principais causas são queimas de plantios, pastagens e de lixo; atos de vandalismo; e fogueiras.

Para orientar a população, o CBMDF informa a importância de não fazer fogueiras próximo às áreas de vegetação, e alerta que quando feitas em local distante, devem ser apagadas antes que todos saiam de perto, para evitar que o vento sopre fagulhas para as matas próximas.

A forma mais efetiva de evitar o aumento de incêndios na capital é adotar práticas e comportamentos preventivos. Moradores de áreas rurais, por exemplo, são instruídos sobre ferramentas essenciais no primeiro combate ao fogo. A vigilância ativa também é uma medida fundamental e, por isso, deve haver o acompanhamento nas regiões para o devido reporte ao Corpo de Bombeiros pelo número 193.

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