O ano de 2023 ficará marcado como o mais quente dos últimos tempos. Esse foi o primeiro veredito da Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, a COP28, aberta em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e que será realizada até o dia 12 de dezembro. A reunião anual, organizada pelas Nações Unidas, tem como objetivo, justamente, debater e tomar decisões sobre o que fazer quanto às alterações no clima, de olho no aquecimento global.
Preocupação mundial, a COP28 terá a participação recorde de representantes da indústria brasileira. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) se fará presente com mais de 100 empresários que buscam soluções para a descarbonização da economia brasileira.
Durante a conferência deverá ser divulgado o primeiro Balanço Global (Global Stocktake – GST), que tem como objetivo mostrar e avaliar o progresso coletivo nas metas de longo prazo em cada país, para redução da emissão de gás do efeito estufa (GEE). A meta (NDC) do Brasil prevê a redução em 48% das emissões até 2025. E em 53% até 2030, em relação aos índices de 2005.
Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, que lidera a missão empresarial, será uma importante oportunidade para a indústria brasileira apresentar o que tem feito, na direção do desenvolvimento sustentável. “Vamos mostrar os resultados de medidas positivas adotadas pela indústria em todo o Brasil, ao longo dos últimos anos”, destaca.
Um ponto de preocupação do setor é o papel dos países desenvolvidos no financiamento às nações em desenvolvimento, em prol de ações mais concretas que possam garantir uma estratégia global de descarbonização da economia. As primeiras informações do início da COP28 foram positivas nesse sentido. A promessa foi de contribuição para um fundo, em torno dos US$ 300 bilhões - o triplo do valor esperado.
Soluções sustentáveis
Pela primeira vez, a CNI terá um estande próprio na Área Azul, gerenciada pela Organização das Nações Unidas (ONU), onde ocorrem as negociações. Vai aproveitar para exibir o que o setor tem feito, nas últimas décadas, para se tornar cada vez mais sustentável.
A COP28 está sendo uma grande oportunidade para a indústria brasileira se mostrar como já é parte da solução, quando o assunto é sustentabilidade e adaptação às mudanças climáticas. No estande, a Confederação tem apresentado o que já foi feito no Brasil. Ações que setores industriais de outros países ainda buscam solucionar.
“Nossa indústria, principalmente aquela intensiva em uso de energia, como a do cimento, já fez seu dever de casa. As emissões de gases de efeito estufa dos fabricantes de cimento instalados no país são 10% menores do que a média mundial”, aponta Ricardo Alban. “No setor do alumínio, cerca de 60% de todo material consumido no país é reciclado”, complementa.
Eficiência no uso de insumos
E tem mais: pesquisa da CNI com empresários de todo o país revelou que nove em cada dez empresas industriais (89%) adotam medidas para reduzir a geração de resíduos sólidos. Já 86% têm ações para otimizar o consumo de energia, enquanto 83% adotam medidas para economizar o uso de água.
Sem falar que o Brasil ja se encontra na vanguarda da transicao energetica, com uma das matrizes eletricas mais limpas do mundo - mais de 80% de fontes renovaveis seguindo uma trajetoria sustentavel, ampliando e diversificando, cada vez mais, o uso das fontes limpas de energia.
Considerando a importância de o setor empresarial conhecer e gerir as oportunidades e os riscos que os eventos climáticos extremos podem acarretar aos negócios, a CNI entende que a COP28 é relevante para avançar na definição de estratégias e medidas, para a adaptação à mudança do clima.
Na última COP27, o progresso nas negociações dessa mesma agenda ficou abaixo do esperado, apesar dos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) demonstrarem, de forma robusta, que os impactos das mudanças do clima serão cada vez mais frequentes e severos.
Metas domésticas
A NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) do Brasil prevê a redução das emissões de GEE em 48% até 2025, e em 53% até 2030, tendo por base dados apurados em 2005. Há grande expectativa sobre como o GST vai considerar três temas em sua análise: mitigação, adaptação e meios de implementação. Espera-se a fixação de parâmetros de tomada de decisões e investimentos, que possam nortear as ações dos países no cumprimento da descarbonização de suas economias.
A CNI anseia que, na esteira da divulgação do GST, sejam apontadas medidas que facilitem a implementação das NDCs. Inexistentes até agora. E entende ser essencial que o governo comunique, com transparência e estratégia, as medidas setoriais e as políticas a serem tomadas para implementação.
O espaço de 100m² da CNI na COP28 está sendo palco de intensas atividades, como debates, painéis e apresentações de empresas convidadas. Sem contar as negociações advindas. Uma das plantas industriais do estande servirá para explicar como se produz o hidrogênio verde, no qual o Brasil é uma potência em ascensão. Outra parte vai demonstrar como a semente de macaúba, palmeira nativa e disseminada pelo território brasileiro, pode se transformar em biocombustível.