Plano Safra contará com investimento de R$ 21,5 bilhões do Banco do Nordeste

Produtores rurais e agricultores familiares terão o apoio da entidade para investimento, custeio e comercialização

Apresentado por  
postado em 15/07/2024 10:05 / atualizado em 15/07/2024 10:06
      -  (crédito:    )
- (crédito: )

Matéria escrita por Gabriella Collodetti

No último dia 03 de julho, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) lançou o Plano Safra 2024/2025, oferecendo linhas de crédito, incentivos e políticas agrícolas para os produtores. Serão destinados R$ 400,59 bilhões para financiamentos, um aumento de 10% em relação à safra anterior. Dentro do programa, o Banco do Nordeste, considerado o maior parceiro dos agricultores e agricultoras familiares em sua área de atuação - estados nordestinos e parte de Minas Gerais e Espírito Santo - devido ao amplo investimento para o setor rural, tem promovido o desenvolvimento sistêmico e a melhoria da competitividade das cadeias agropecuárias.

Para o Plano Safra 2024/2025, o Banco aplicará R$ 21,5 bilhões, valor que está R$ 1,5 bilhão maior do que o disponibilizado no período anterior. A agricultura familiar ficará com R$ 10 bilhões para aplicação entre julho deste ano e junho de 2025. Crescimento de 17% sobre o exercício anterior. Já a agricultura empresarial terá R$ 11,5 bilhões, mantendo o patamar de investimentos feitos pelo Banco do Nordeste nos grandes projetos.

"Respondemos pelo financiamento de 95% do total de operações de crédito da agricultura familiar da região Nordeste. São os produtores que colocam comida na mesa da população e que giram a economia, sobretudo fora dos grandes centros urbanos. Além disso, estamos presentes em todos os pólos de desenvolvimento do agronegócio.
" Paulo Câmara, presidente do Banco do Nordeste

Com apenas 9% da rede bancária instalada na sua área de cobertura, a entidade responde por 48,8% do crédito rural da região. Apoiando a inovação e sustentabilidade do setor, o presidente reforça a presença do Banco como um contribuidor para a melhoria da qualidade de vida e o crescimento da renda da população.

Para o Banco do Nordeste, o agronegócio e a agricultura familiar brasileira possuem grande protagonismo e relevância para ampliação do segmento no mercado mundial. “O Brasil será a maior potência agropecuária mundial, com base no aumento da produtividade, sustentabilidade ambiental, pesquisa e tecnologia, englobando tanto as culturas ‘tradicionais’ como ‘novas’ culturas, algumas voltadas para o mercado externo, ao invés de crescer somente através do aumento de áreas”, contextualiza Luiz Sérgio Farias Machado, superintendente de Agronegócio e Microfinança Rural.

No entanto, segundo o executivo, esse cenário se desdobra a partir de uma melhor gestão da produção e comercialização, da otimização no uso dos recursos naturais e preservação das florestas, adotando todas as práticas modernas da agricultura sustentável para projetos de conservação ambiental no âmbito da Agricultura de Baixo Carbono (ABC), inclusive com uma matriz energética de energia limpa, a exemplo das energias eólica, solar e hidráulica.

“A agricultura familiar brasileira é a principal responsável pelo abastecimento do mercado interno com alimentos, com foco na preservação dos recursos ambientais e, através de suas diferentes formas de viver e produzir, gera ocupações rurais, promove o desenvolvimento sustentável do país e reduz a pobreza e a fome”, ressalta.

Ampliação dos resultados

As contratações do Plano Safra do ciclo 2023/2024, encerrado no mês de junho, somaram mais de R$ 20 bilhões, o que representa um crescimento de 18% em relação ao contratado em todo ano safra anterior. Os valores correspondem a aplicações na agricultura familiar e na agricultura empresarial. "Somente no Plano Safra Agricultura Familiar 2023/2024, o Banco aplicou mais de R$ 9,4 bilhões, 100% a mais do que o registrado no ciclo anterior, crédito pulverizado em mais de 718 mil operações de crédito", conta Paulo Câmara.

Estudo apresentado pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) indicou que os investimentos, tanto para agricultura empresarial quanto para agricultura familiar, contribuíram para geração ou manutenção de 1,5 milhão de empregos, aumento de R$ 6,3 bilhões na massa salarial, incremento de R$ 2,7 bilhão na arrecadação tributária, de R$ 39,9 bilhões no valor bruto da produção e de R$ 23,3 bilhões no valor adicionado à economia.

“Isso é resultado de um trabalho focado em promover o desenvolvimento sistêmico e melhoria da competitividade das cadeias agropecuárias, mediante o financiamento de investimentos em projetos de convivência com o semiárido, sustentabilidade dos ecossistemas e desenvolvimento da região”, comenta.

O presidente Paulo Câmara ainda pontua que a atuação do Banco do Nordeste, no Plano Safra Agricultura Familiar 2023/2024, também contribuiu para o alcance de um marco histórico: pela primeira vez a região Nordeste superou a região Sudeste em valores contratados com agricultores familiares. "No total, os agricultores e agricultoras nordestinos receberam R$ 10,4 bilhões, alta de 62,5% frente ao exercício anterior. Os dados são do Banco Central e consideram todas as instituições financeiras que atuam no segmento", informa.

Transformando vidas

Tainã Bittencourt é produtora de Cafés Especiais e representante da Chácara Vista Alegre, localizada na cidade de Piatã, no coração da Chapada Diamantina, interior da Bahia. Cliente do programa de microcrédito rural do Banco do Nordeste, o Agroamigo, o seu produto já foi eleito um dos 5 melhores cafés do Brasil na CUP OFF Excellence, o principal concurso de qualidade para café do mundo.

"O Agroamigo programa de microcrédito orientado e acompanhado do Banco do Nordeste sempre estimulou financiamento em nossa região, mas entendíamos pouco e, também, achávamos bem burocrático o processo. Até que um agente de microcrédito do Agroamigo nos orientou de todo processo e que tipo de linha de crédito nos atendia melhor para situação. Com essa ajuda, foi mais fácil e confiável buscar recurso", recorda.

Na ocasião, Tainã indica que o custeio para colheita do café foi essencial para trabalhar com mais segurança nas decisões, além de planejar com mais folga os gastos da safra. "Com isso, nos dedicamos ainda mais nos tratos de colheita e pós-colheita, gerando, consequentemente, melhor qualidade ao nosso produto e aumento na valorização do mesmo", diz.

Há quatro anos, a produtora conta com o programa de microcrédito rural, o Agroamigo do Banco do Nordeste, para realizar melhorias na lavoura e ampliação da área produtiva. Atualmente, tem operação contratada por meio da linha de crédito Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf Mulher.

"Trabalhar com agricultura, ainda mais sendo pequenos produtores da agricultura familiar, é sempre desafiador. Nem tudo depende de nós. Há interferência de clima, logística para chegada de insumos, época de colheita e uniformidade da safra, por exemplo, o que pode aumentar muito o custo de produção. Não é fácil, mas termos o apoio e parceria do Banco do Nordeste nos dá confiança e segurança", comenta.

Produtos e serviços rurais

Como órgão executor de políticas públicas, o Banco do Nordeste operacionaliza o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) do Governo Federal e administra o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).

Para atender os agricultores familiares em suas necessidades específicas de crédito, o Banco utiliza linhas de financiamentos do Pronaf (Pronaf Mais Alimentos, Pronaf Semiárido, Pronaf Jovem, Pronaf Mulher, Pronaf Grupo B, Pronaf Comum, Pronaf Agroecologia, Pronaf Agroindústria, Pronaf Floresta, Pronaf Bioeconomia e Pronaf Grupo A).

Além disso, também se conta com o programa Agroamigo. Criado em 2005, visa o atendimento a agricultores familiares enquadrados no Pronaf, por meio do financiamento de atividades e serviços rurais agropecuários e não agropecuários com a aplicação da metodologia do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO).

“Atualmente, ele ultrapassa a marca de 1,4 milhão de clientes, mediante a concessão de microcrédito rural produtivo e orientado, prestando orientação e acompanhamento de forma sustentável", informa Luiz Sérgio Farias Machado.

Com metodologia pioneira, os agentes de microcrédito do Agroamigo atendem os clientes na própria comunidade, em todos os municípios da área de atuação do Banco, apoiando a realização de sonhos de milhares de agricultores e agricultoras familiares, através do financiamento sob duas modalidades: Agroamigo Crescer e Agroamigo Mais.

“Essas aplicações visam estimular a geração de renda e melhorar a produtividade dos estabelecimentos rurais, promover a produção de alimentos saudáveis, aumentar a renda dos agricultores e agricultoras familiares e reduzir a pobreza e o êxodo rural”, ressalta.

Já para o agronegócio, o Banco disponibiliza linhas de crédito de forma a atender o cliente em todas as suas necessidades, compreendendo: crédito longo prazo, curto prazo, créditos para custeio, comercialização e investimentos, como: inovação, irrigação, energia sola, agricultura de baixo carbono, conectividade e construção de armazéns, através da aplicação de recursos, principalmente, nos programas FNE Verde – Rural, FNE Verde – Irrigação, FNE Rural – Inovação.

Na avaliação do presidente do BNB, Paulo Câmara, as iniciativas da entidade são importantes para o setor rural, especialmente no que diz respeito à busca pelo aumento da capacidade produtiva, inovação e competitividade dos empreendimentos rurais. Para ele, os projetos buscam a melhoria da qualidade de vida das pessoas e contribuem para o avanço dos indicadores socioeconômicos.

“A agricultura familiar é um setor crucial para a economia do país e o Banco do Nordeste se destaca por sua atuação estratégica na região, tendo um papel importante no processo de desenvolvimento regional, apoiando as iniciativas voltadas para agricultura familiar, que é uma prioridade do Governo Federal”, destacou Paulo Câmara.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação