Michelle Manzur, diretora executiva do Centro Educacional Leonardo da Vinci
A escola, como instituição, precisou acompanhar as mudanças inerentes da sociedade a partir do desenvolvimento e das demandas do ser humano. Diferentemente do que se buscava no passado, a atualidade se apresenta, em algumas situações, com um olhar mercadológico e de resultados que, por muitas vezes, se sobrepõe à formação de sujeitos em todas as suas dimensões: intelectual, física, emocional, social e cultural. O que é preciso ser levado em consideração é a busca necessária por um equilíbrio entre um ensino que forme cidadãos preparados para os desafios do mundo e, ao mesmo tempo, resultados consistentes que garantam o ingresso no Ensino Superior. É por isso que é salutar ao aluno que seja percebido dentro do ambiente escolar como um ser humano completo, provido de emoções e sentimentos, mas que precisa performar de forma positiva nos exames de seleção que acompanham o término do Ensino Médio.
É nesse sentido que se faz urgente uma reflexão sobre o real significado da educação integral e da constante harmonia, por vezes, difícil de ser conquistada, entre o estar preparado para um exame e para o mundo. Essa educação precisa reconhecer a pessoa como um todo e não como um ser fragmentado. Em um ambiente onde o estudante passará boa parte de sua infância e adolescência, é inevitável que suas experiências escolares não constituam sua vida adulta ou não se tornem elementos formadores do que ele será no futuro. Mas que lembrança ele levará para a vida? O de um ambiente acolhedor, que também foca no ensino humanizado, ou de um espaço permeado pela exigência, onde se prioriza apenas o resultado?
Em um mundo cada vez mais concorrido e disputado, expectativas de todos os lados precisam ser correspondidas, e a escola ganha protagonismo neste palco de muitos atores. Saem vitoriosas, dessa queda de braço, as instituições que entendem que, entre seus principais direcionadores, está a compreensão de que uma escola feliz é um ambiente acolhedor e inclusivo, que auxilia os alunos a regularem e a lidarem melhor com suas emoções, uma vez que o principal gatilho da aprendizagem é a emoção. Marc Brackett, diretor do Centro de Inteligência Emocional da Universidade de Yale, afirma que “os três aspectos mais importantes da aprendizagem – atenção, foco e memória – são todos controlados pelas emoções, não pela cognição”. Logo, o resultado tão almejado e necessário às próximas etapas da vida do estudante precisa estar alinhado às emoções.
É a partir dessa compreensão que se torna possível entender a intrínseca relação entre exigência acadêmico-escolar e humanização em um espaço saudável de ensino e aprendizagem. Empresas familiares tendem a manter esse equilíbrio porque reconhecem, em sua própria estrutura de governança, as características inerentes a este processo que é, em sua essência, orgânico. Em outras palavras: o resultado precisa andar de mãos dadas com um ambiente saudável. Se você não estiver regulado emocionalmente, não conseguirá aprender porque a atenção e a memória não são regradas pela cognição, e sim pela emoção. Lanço aqui uma última reflexão: o que realmente é preciso fazer para que os estudantes apresentem resultados cada vez melhores? A resposta está no equilíbrio.