A noite de Brasília, em 21 de abril de 1960, foi iluminada por uma grande queima de fogos, assistida pelos candangos e os cerca de 3 mil convidados no Palácio do Planalto e na Praça dos Três Poderes. Autoridades e representações diplomáticas vindas de vários países em trajes de gala celebraram o nascimento da capital da esperança... É emocionante escrever a apresentação deste caderno especial sobre os 62 anos da cidade. De reescrever aqui a frase emblemática do doutor Israel Pinheiro: "O espírito de Brasília é tudo o que há de contrário ao derrotismo sistemático".
Mais emocionante é saber que jornalistas do Correio Braziliense estavam entre os convidados da festa que fez o Brasil notícia em todo o mundo. Em 21 de abril, nascia também o principal veículo jornalístico da capital da República. Tomo a liberdade de reproduzir trecho escrito pelo então repórter Ari Cunha. "Toda vez que o dr. Juscelino (Kubitschek) encontrava com o dr. Assis Chateaubriand ou João Calmon, cobrava a instalação de um jornal em Brasília (…) O dr. Edilson Varela, então superintendente em Goiânia, anteviu o que seria Brasília, e começou a desenvolver esforços para que a capital federal tivesse um jornal impresso em seu próprio território no dia da inauguração". E assim foi feito. O Correio ganhou força e cresceu com a capital. E hoje é retrato da diversidade social e cultural que a cidade representa.
Vindos de todas as regiões do país, os primeiros moradores trouxeram a matéria-prima para esse caderno especial de 62 anos, feito pelos repórteres do Correio. O mineiro era vizinho do gaúcho, que era vizinho do cearense, que morava em frente ao goiano... E assim Brasília se fez e se faz... Todos os dias, novos moradores chegam com seus sonhos e esperanças. A cidade os acolhe e os transforma também em brasilienses. Vizinhos desse quadrado em que o urbanista Lucio Costa dizia: "É a única cidade neste mundo novo em que a vida cotidiana, tanto doméstica quanto burocrática e comercial, se processa no meio da beleza".
Esta edição especial tem como foco apresentar justamente as relações de amizade criadas entre vizinhos, que ajudaram a moldar a identidade de uma Brasília diversa, fraterna e que prioriza a qualidade de vida. São depoimentos fortes e comoventes de personagens que têm gratidão pela cidade, como constata o arquiteto e professor da Universidade de Brasília (UnB) José Carlos Coutinho ao dizer que "o brasiliense criou suas próprias esquinas, inventou as maneiras de se relacionar".
Confira também, nos QR Codes ao lado, entrevistas com Maria do Carmo Manfredini e Carmem Tereza, respectivamente mãe e irmã de Renato Russo; e com o poeta e professor da UnB Climério Ferreira, que falam dos primeiros anos da capital e da paixão pela cidade.
FRASES
"Cidade planejada para o trabalho ordenado e eficiente, mas, ao mesmo tempo, cidade viva e aprazível, própria ao devaneio e à especulação intelectual, capaz de tornar-se, com o tempo, além de centro de governo e administração, num foco de cultura dos mais lúcidos e sensíveis do país".
Lucio Costa
"Espero que Brasília seja uma cidade de homens felizes: homens que sintam a vida em toda sua plenitude, em toda sua fragilidad?e, homens que compreendam o valor das coisas simples e puras, um gesto, uma palavra de afeto e solidariedade.
Oscar Niemeyer
"Brasília é a manifestação inequívoca de fé na capacidade realizadora dos brasileiros, triunfo de espírito pioneiro, prova de confiança na grandeza deste país, ruptura completa com a rotina e o compromisso."
Juscelino Kubistchek
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