
As atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, a escritora Conceição Evaristo e outras 16 mulheres brasileiras de diversas áreas de atuação recebem, em sessão solene do Senado no próximo 27 de março, o Diploma Bertha Lutz. Entregue anualmente a pessoas que contribuíram de forma relevante para a defesa dos direitos da mulher e de questões de gênero no país, a honraria leva o nome da bióloga, advogada e ex-deputada federal paulista Bertha Maria Julia Lutz, expoente do feminismo brasileiro e da luta pela educação no país no século 20.
Este ano, foram selecionadas 19 homenageadas — entre elas, políticas, empreendedoras, magistradas e profissionais de diversas outras áreas, quatro delas formadas pela Universidade de Brasília (UnB).
Confira, a seguir, as receptoras da honraria:
Fernanda Torres
Intérprete da advogada e símbolo de resistência à ditadura militar Eunice Paiva em Ainda estou aqui, primeiro vencedor brasileiro do Oscar de melhor filme internacional, Fernanda Torres foi indicada ao diploma pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Segunda atriz brasileira a concorrer na premiação americana de cinema, a artista foi um dos nomes mais mencionados do país no início deste ano, depois da vitória da categoria feminina de atuação em drama do prêmio Globo de Ouro.
Fernanda Montenegro
Se Torres foi a segunda atriz brasileira concorrente ao Oscar, a mãe dela, Fernanda Montenegro, foi a primeira. Em 1999, ela concorreu à premiação na categoria principal de atuação, assim como a filha em 2025, pelo longa Central do Brasil, do mesmo diretor de Ainda estou aqui, Walter Salles. A indicação da artista ao recebimento do Diploma Bertha Lutz foi feita pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
Conceição Evaristo
Autora das coletâneas de contos Olhos d’água e Insubmissas lágrimas de mulheres, a linguista e escritora mineira Conceição Evaristo recebe a honraria após ser indicada pela senadora Teresa Leitão (PT-PE). Um dos principais nomes do pós-modernismo literário brasileiro, Evaristo é doutora honoris causa por três institutos de ensino federais, inclusive a Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Antonieta de Barros (in memoriam)
Jornalista, professora e política, Antonieta de Barros foi a primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil. Representante de Santa Catarina a partir do ano de 1935, foi uma das responsáveis pela criação do Dia do Professor e por outras medidas relativas à educação e à promoção dos direitos das mulheres. A senadora Ivete da Silveira (MDB-SC) indicou Antonieta, morta em 1952, in memoriam ao diploma.
Viviane Senna
Presidente do Instituto Ayrton Senna, que trabalha pela qualidade da educação pública no país, a psicóloga, empresária e filantropa Viviane Senna é irmã do piloto que dá nome à ONG e foi indicada pela senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO) ao Diploma Bertha Lutz.
Lúcia Willadino Braga
Neurocientista presidente da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, em Brasília, Lúcia Willadino foi indicada por Davi Alcolumbre. Graduada, mestre e doutora pela UnB, a profissional é receptora de diversas outras honrarias, como a Ordem do Mérito da Defesa e a Ordem Nacional do Mérito Científico. Atualmente, além de presidente da Rede Sarah, é professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachussets e vice-presidente da Federação Mundial de Neurorreabilitação (WFNR).
Janete Ana Ribeiro Vaz
Nascida em Anápolis e formada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), a bioquímica e empresária Janete Vaz é uma das fundadoras, em Brasília, do grupo Sabin Medicina Diagnóstica — do qual cerca de 80% dos funcionários são mulheres. Ela foi indicada pela senadora Leila Barros (PDT-DF).
Jaqueline Gomes de Jesus
Doutora em psicologia social pela Universidade de Brasília, a brasiliense Jaqueline de Jesus é professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Primeira gestora do Sistema de Cotas para Negros da UnB, a psicóloga foi indicada pela senadora Zenaide Maia (PSD-RN) e será a primeira mulher trans a receber o Diploma Bertha Lutz.
Elisa de Carvalho
Também doutora pela UnB, Elisa de Carvalho é médica-pediatra do Hospital de Base, na capital federal. Também professora universitária e membro da Academia de Medicina de Brasília, ela foi indicada à honraria pela senadora Dra. Eudócia (PL-AL).
Cristiane Rodrigues Britto
Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do Brasil durante o ano de 2022, a advogada Cristiane Britto é hoje secretária-geral da Executiva Nacional do Mulheres Republicanas. Na gestão de Damares Alves — senadora do Republicanos-DF que a indicou à honraria — à frente do MFDH, foi secretária nacional de políticas para mulheres.
Marisa Serrano
Senadora da República entre 2007 e 2011, a professora Marisa Serrano iniciou carreira política em 1977, quando foi eleita vereadora pelo Mato Grosso do Sul. Desde então, foi também deputada federal e vice-prefeita pelo mesmo estado. Indicada pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), recebeu diversas outras condecorações e medalhas.
Maria Terezinha Nunes
Indicação da Bancada Feminina ao Bertha Lutz, a advogada Maria Terezinha é coordenadora da Rede Equidade e ex-coordenadora do Programa Pró-equidade de Gênero e Raça do Senado Federal — onde é servidora pública há 40 anos e trabalha, desde 2011, com temas de inclusão e diversidade na Casa.
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Patrícia de Amorim Rêgo
Procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado do Acre, Patrícia foi responsável por iniciativas como o Centro de Atendimento à Vítima (CAV) e o Feminicidômetro, que monitora casos de feminicídio no estado. Ela foi indicada pelo senador Sérgio Petecão (PSD-AC).
Bruna dos Santos Costa Rodrigues
Indicada pela senadora Augusta Brito (PT-CE), a juíza Bruna Rodrigues, do Tribunal de Justiça do Ceará, é conhecida por lutar pela paridade de gênero no sistema judiciário brasileiro, contra a violência doméstica e contra o racismo.
Tunísia Viana de Carvalho
Indicada pela senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), a comissária de voo Tunísia Viana é ativista de direitos maternos e infantojuvenis. Ela luta pelo retorno de crianças filhas de mães brasileiras — chamadas mães de Haia — que, retiradas ilegalmente do país de origem, vivem no exterior longe das progenitoras.
Virginia Mendes
Primeira-dama de Mato Grosso, Virgínia tem mais de 220 mil seguidores das redes sociais e idealizou os programas SER Família Indígena e SER Família Mulher, os quais apresentou na COP 28, nos Emirados Árabes. Foi indicada pela Senadora Margareth Buzetti (PSD-MT).
Joana Marisa de Barros
Médica mastologista e imaginologista mamária do Estado da Paraíba, a paraense Joana Marisa foi indicada pela senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB). É fundadora da ONG Amigos do Peito e de outros projetos que conscientizam a população a respeito da saúde das mamas e que lutam por mulheres paraibanas com câncer de mama.
Elaine Borges Monteiro Cassiano
Reitora do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), Elaine foi a primeira mulher eleita pela comunidade acadêmica para o cargo, o qual exerce desde 2019. Doutora em ciências ambientais e sustentabilidade agropecuária, é professora do instituto desde 2012. Foi indicada pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).
Ani Heinrich Sanders
Indicada pela senadora Jussara Lima (PSD-PI), a produtora rural Ani Sanders é referência no agronegócio do Piauí. Com mais de 13,5 mil seguidores nas redes sociais, a profissional, que tem 45 anos de dedicação à área, é representante feminina em campo majoritariamente masculino.