
Por não aceitar o fim do relacionamento e também descobrir que a ex-companheira estaria vivendo um novo amor. Esses são os motivos que levaram um caminhoneiro de 42 anos, de acordo com o delegado Wellington Faria, da Delegacia de Homicídios de Ibirité, na Grande BH, a assassinar a ex-mulher, uma biomédica identificada como Miqueias Nunes de Oliveira, 33, em 10 de março, dentro de uma clínica de estética.
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O motorista está sendo indiciado pelo crime de feminicídio, que prevê pena de 20 a 40 anos de prisão, com os agravantes de crueldade, impossibilitar a defesa da vítima e motivo fútil, que poderá acrescentar mais 10 anos à pena, e mais seis anos pelo porte ilegal de arma de fogo.
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As investigações começaram logo após o crime, com os investigadores, segundo o delegado Wellington Faria, chegando ao local quando a vítima ainda estava caída ao chão, já morta, e o autor, ao seu lado, sujo de sangue e com um ferimento em um dos pulsos.
"O autor disse que matou a mulher e que tentou suicídio logo em seguida, mas esta não é a verdade apurada por nós. Isso só foi possível, graças à ação de uma das duas testemunhas que estavam no local no momento do crime", conta o delegado.
As duas testemunhas eram mulheres e, uma delas, segundo o policial, saiu correndo do local e correu até a delegacia para pedir ajuda. “A outra testemunha saiu da casa e, assim que chegou à rua, fechou o portão, que ficou trancado, o que derruba a teoria do autor, pois ele tentou, sim, fugir. Ao encontrar o portão fechado, não tinha mais como sair do local, e então cortou o pulso, atingindo os tendões, deitando-se ao lado da ex-mulher", afirma o delegado.
A separação
Conforme o delegado Wellington Faria, a decisão de se separar partiu de Miqueias, que descobriu, ao vasculhar o celular do suspeito, que tinha sido traída por ele, que teve um relacionamento com uma ex-namorada.
"Ela tomou, então, a decisão de terminar”, conta o delegado. Segundo a polícia, isso aconteceu em dezembro e o homem não aceitava o rompimento e assediou Miqueias várias vezes, inclusive, fazendo ameaças de morte.
"O caminhoneiro havia planejado matar a ex. Primeiro, tentou levá-la ao apartamento onde viveram. Lá, tinha uma arma, uma pistola 9 mm com a numeração raspada, e que foi apreendida por nós. Como não conseguiu convencê-la, resolveu ir à clínica e tinha em seu poder um canivete, de uso em pesca, que é maior, e que usou para matá-la", conta o delegado Wellington.
A crueldade do crime chama a atenção do delegado. “Ele desferiu nove golpes, a maioria atingiu o coração e o pulmão. Ela teve morte instantânea”.
Outros detalhes levam à conclusão de que o crime tenha sido planejado, uma vez que o homem disse para amigos do casal e parentes dela que se mataria se Miqueias não voltasse para ele.
A polícia revela, ainda, que havia uma combinação entre o casal, de que eles comprariam, em comum acordo, um outro apartamento, para que cada um tivesse a sua casa. O caso será entregue à Justiça.