
A Polícia Militar do Rio de Janeiro realizou, nesta terça-feira (11/03), uma grande operação no Complexo de Israel, na Zona Norte, para demolir um luxuoso “resort” do tráfico e outras construções ilegais erguidas sob o comando de Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, um dos criminosos mais procurados do estado.
O espaço, localizado em área de preservação ambiental, incluía piscina, área de churrasco e ambientes climatizados, além de uma academia particular.
Durante a ação, agentes da força de segurança também destruíram estruturas com a Estrela de Davi, símbolo utilizado pelo grupo criminoso que controla a região. Os traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP) adotaram referências bíblicas como marca do domínio deles, incorporando elementos religiosos à disputa por território.
Desde as primeiras horas da manhã, equipes das polícias Civil e Militar cumpriram mandados de busca e apreensão em imóveis associados ao traficante. Máquinas da PM foram utilizadas para derrubar o “Resort Green”, como é chamado uma das construções irregulares, que além de ocuparem áreas protegidas, alteravam o curso de um rio local.
Peixão comanda o tráfico nas comunidades de Cidade Alta, Parada de Lucas, Vigário Geral, Cinco Bocas e Pica-Pau. De acordo com a polícia, o local é conhecido pelo forte poder bélico do TCP e pela adoção de símbolos judaico-cristãos como forma de identidade do grupo criminoso. Além das Estrelas de Davi, bandeiras de Israel estão espalhadas pelas favelas, reforçando a marca imposta pelo chefe do tráfico. Desde 2016, que o criminoso, que nunca foi preso, domina o território.
Durante a pandemia, o controle se fortaleceu, levando à criação do chamado Complexo de Israel, onde impôs um rígido sistema de monitoramento, instalando câmeras de segurança e até mesmo ordenando a construção de pontes entre as comunidades.
Intolerância religiosa
Antes de se tornar Peixão, Álvaro Malaquias era conhecido como Alvinho e cresceu em um ambiente de influências religiosas diversas. Criado por uma mãe umbandista, chegou a receber oferendas de devotos em um ponto da Avenida Brasil. No entanto, com a conversão ao evangelismo, passou a adotar uma postura de intolerância religiosa.
Moradores relatam que terreiros de religiões de matriz africana foram proibidos, imagens de santos removidas e cultos afro-brasileiros extintos à força no Complexo de Israel. O traficante também já foi investigado por ordenar ataques a espaços religiosos em Duque de Caxias, cidade natal dele, por meio de um grupo criminoso autodenominado Bonde de Jesus.
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