carnaval

O que se sabe sobre o incêndio em fábrica no Rio que deixou 10 feridos graves

Local funcionava 24h por dia em um galpão e não tinha o alvará de funcionamento concedido pelos bombeiros. A suspeita é de que houve um curto na rede elétrica devido à sobrecarga. Vinte e um funcionários se machucaram

Vinte e uma pessoas ficaram feridas, sendo 10 em estado grave, no incêndio de uma fábrica que confecciona fantasias para escolas de samba, em Ramos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O local funcionava sem o alvará do Corpo de Bombeiros (tinha apenas o da Prefeitura) e depois de terminado o rescaldo, por volta das 15h30, foi interditado. O fogo começou pelas 8h e imagens que correram as redes sociais mostravam pessoas desesperadas, tentando fugir pelos basculantes de ferro — alguns deles protegidos por grades.

A provável causa do incêndio seria a precariedade e o subdimensionamento da instalação elétrica. Artesãos, aderecistas e costureiras relataram que a confecção trabalhava 24 horas por dia, em três turnos, para dar conta da demanda das escolas, a poucos dias dos desfiles, que começam dia 28. A quantidade de aparelhos elétricos ligados e funcionando sem descanso teria sobrecarregado a fiação, que não aguentou, aqueceu e incendiou. Várias pessoas, inclusive, dormiam na fábrica devido ao grande volume de trabalho.

A Maximus Confecções, na Rua Roberto Silva 145, fazia fantasias para escolas de samba da Série Ouro — principal grupo de acesso à elite das agremiações do carnaval carioca — e da Série Prata, cujos desfiles são na passarela da Intendente Magalhães, em Madureira, na Zona Norte da cidade. Toda a produção que seria entregue ao Império Serrano, à Unidos de Bangu e à Unidos da Ponte foi destruída. A União do Parque Acari e a União da Ilha do Governador também perderam adereços, roupas e fantasias.

Os feridos foram distribuídos por cinco unidades hospitalares. Dez seguiram para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, sendo que oito em estado grave, e quatro foram para o Souza Aguiar, com dois gravemente feridos. Para a Coordenação de Emergência Regional (CER) da Ilha do Governador, dois foram levados; três tiveram de ser removidos para o Hospital Federal de Bonsucesso; e dois para o Hospital Municipal Salgado Filho.

Más condições

Hugo Júnior, presidente da Liga RJ — que administra o desfile das escolas da Série Ouro —, reconheceu as más condições de trabalho na Maximus Confecções. Disse, ainda, que há um projeto para erguer uma fábrica do samba, com instalações adequadas e capazes de suportar o trabalho intenso no período que antecede o carnaval.

Para que as escolas mais atingidas não sejam prejudicadas, o prefeito Eduardo Paes (PSD) afirmou que, este ano, não haverá rebaixamento na Série Ouro. "Conversei agora com o presidente Hugo Júnior. Tomamos a decisão de que as escolas não serão rebaixadas. Havendo possibilidade de desfilar, as três (Império Serrano, Unidos de Bangu e Unidos da Ponte) serão consideradas hors concours", publicou Paes no X (antigo Twitter).

A fábrica foi interditada a fim de preservá-la para a perícia e, também, porque corre risco de desabar, conforme constatou a Defesa Civil Municipal. A 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso) e o Ministério Público do Trabalho investigam as razões do incêndio.

 

Mais Lidas