PARÁ

Polícia apura morte de ativista assassinado na frente do filho de 11 anos

Naldo foi abordado por dois homens em uma moto. Ele foi atingido por tiros e morreu no local antes da chegada do socorro

O enterro de Naldo aconteceu em 12 de fevereiro, dia que marca 20 anos da morte da missionária Dorothy Stang -  (crédito: Divulgação/Coletivo Nacional de Comunicação do MAB)
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O enterro de Naldo aconteceu em 12 de fevereiro, dia que marca 20 anos da morte da missionária Dorothy Stang - (crédito: Divulgação/Coletivo Nacional de Comunicação do MAB)

A Polícia Civil do Pará investiga a morte de Ednaldo Palheta da Cunha, líder de um acampamento de pequenos agricultores em Vitória do Xingu (PA). Ele foi assassinado na terça-feira (11/2). Ao Correio, a Polícia Civil do Pará informou que apura as circunstâncias do homicídio de Naldo, como ele era conhecido.

"Equipes da delegacia de Vitória do Xingu trabalham para identificar e localizar os suspeitos envolvidos no crime. Perícias foram solicitadas para auxiliar nas investigações", disse a Polícia Civil, em nota enviada neste sábado (15/2).

Segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Ednaldo foi abordado por dois homens em uma moto na estrada do Ramal Água Boa, na zona rural do município, quando voltava para casa após o trabalho. A vítima estava com o filho de 11 anos, que testemunhou o crime.

Um dos homens que estava na moto atirou no ativista, que lutava pela reforma agrária. A vítima ainda tentou correr para dentro do mato, mas foi atingida por mais disparos. Ele morreu no local, antes da chegada do socorro.

Conhecido como Naldo Bucheiro, o ativista tinha 45 anos e presidia a Associação dos Pequenos Agricultores do Km 40, entidade formada por 228 famílias que ocupam uma área no município.

O enterro de Naldo aconteceu em 12 de fevereiro, dia que marca 20 anos da morte da missionária Dorothy Stang, que também lutava por reforma agrária e defesa do meio ambiente na região. Ela foi executada com seis tiros à queima-roupa em Anapu, no Pará.

O Movimento dos Atingidos por Barragens lamentou a morte de Naldo, se solidarizou com os familiares e pediu que o poder público dê celeridade ao processo de regularização da terra para as famílias.

O deputado estadual Carlos Bordalo (PT-PA) destacou que, de acordo com um processo no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), a área ocupada pelas famílias é pública e aguarda titulação definitiva.

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Além disso, o Movimento dos Atingidos por Barragens citou que Vitória do Xingu é o município sede da hidrelétrica de Belo Monte. "Além de receber a maior fatia da Compensação Financeira pelo Uso dos Recursos Hídricos, ou “royalties” da usina, a economia local é dependente da pecuária extensiva. A região, que já é foco de conflitos pela terra há décadas, teve a situação fundiária agravada pela construção da hidrelétrica", frisou o MAB.

Aline Gouveia
postado em 15/02/2025 12:54 / atualizado em 15/02/2025 13:00