Por Danandra Rocha - Zeli dos Anjos, de 65 anos, recebeu alta do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes em Torres (RS), nesta sexta-feira (10/1), após 18 dias de internação. A mulher acabou hospitalizada após comer um bolo envenenado com arsênico. A principal suspeita do crime é a nora dela, Deise Moura dos Anjos, de 40 anos.
O envenenamento, que ocorreu em um café da tarde no Natal do ano passado, tirou a vida de três mulheres da mesma família: Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos e Tatiana Denize Silva dos Santos, 43 anos.
Além das vítimas fatais, outros parentes que consumiram o bolo precisaram de atendimento médico. Entre as vítimas, Zeli, que enfrentou uma série de complicações dadas com graves e batalhou pela vida.
A Polícia Civil de Torres aponta Deise Moura dos Anjos como principal suspeita dos envenenamentos. Segundo o laudo preliminar, constatou-se a existência predominante de arsênico, considerado um dos elementos químicos mais letais do mundo. A substância estava presente no bolo preparado por Zeli, compartilhado pela família na confraternização. No entanto, foi Deise quem forneceu alguns ingrediente do prato, onde estaria o veneno.
Em uma coletiva na manhã desta sexta-feira, a Polícia Civil informou que Deize começou a planejar o crime há cerca de cinco meses. Ela fez diversas pesquisas sobre venenos letais na internet e comprou os materiais utilizados de maneira discreta, os recebendo em casa.
Em entrevista concedida ao Correio, o delegado Cléber dos Santos Lima, diretor do Departamento de Polícia do Interior (DIP), explica que os motivos que levaram a acusada a atentar contra a vida dos familiares eram “fúteis”. “Nós temos em depoimento do inquérito policial, que atestam que ela tinha um relacionamento péssimo com a sogra, também com o sogro e outros membros da família. Coisas absolutamente banais que não justificariam o cometimento dessa série de crimes”.
O delegado ressalta que ainda é inexistente outra hipótese sobre a motivação. “Não temos nenhum indicativo por enquanto, de um crime haja base em alguma vantagem patrimonial, até porque a família da pessoa atingida não tem grandes posses, são pessoas humildes", disse.
Histórico familiar e novas acusações
A fatalidade gerou desdobramentos ainda mais chocantes. Investigadores constataram a possível relação de Deise com a morte do sogro, Paulo dos Anjos, de 68 anos, que faleceu em setembro de 2024. Paulo morreu após consumir leite em pó e banana, que teriam sido envenenados por Deise. Na época, a morte foi tratada como infecção intestinal. Agora, com novas evidências, a perícia afirmou nesta sexta que o homem morreu por envenenamento.
“A relação da suspeita com a família pelos depoimentos colhidos e pelas extrações de dados de telefones celulares, relatórios técnicos, nós temos a certeza que era péssima a relação dela, principalmente com a sogra, a quem ela apelidava e chamava, rindo, de naja, referindo-se à cobra, e em algumas oportunidades ela também discutiu com o sogro e queria vê-lo morto, então ela tinha uma raiva muito grande de toda a família na realidade”, relata o delegado.
Não há laudos médicos que atestem que Deise sofra de algum transtorno ou que faça uso de medicamentos controlados. No entanto, o delegado cita características de sua personalidade. “Uma pessoa dissimulada, fria, com traços de psicopatia. Estamos diante, talvez, de uma serial killer, não tem sentimento nenhum pela vida humana, pela vida de outra pessoa e muito dissimulada.”
Deise Moura dos Anjos segue presa preventivamente e pode ser julgada por homicídio qualificado, tentativa de homicídio e outros crimes relacionados. Se condenada, a pena pode ultrapassar 60 anos de prisão.
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