Uma criança de 1 ano e 2 meses morreu, em dezembro do ano passado, devido a doença causada pelo metapneumovírus humano (HMPV, sigla em inglês) no Paraná, onde morava com a família. De acordo com nota da Secretaria de Saúde do estado (Sesa) ao Correio, o bebê, uma menina, foi diagnosticado com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no início do mês e morreu no dia 13.
Moradora do município de Renascença, no sudoeste paranaense, a criança apresentou resultado detectável para HMPV — um “vírus respiratório comum”, segundo a Sesa, “que pode causar infecções das vias respiratórias superiores e inferiores”. O diagnóstico foi revelado primeiramente em exame realizado por laboratório particular, e confirmado, posteriormente, pelo Laboratório Central do Estado (Lacen-PR).
Frequentemente associado a doenças leves, como a gripe, o metapneumovírus humano pode evoluir para quadros mais graves, como pneumonia — especialmente em crianças, idosos e pessoas com comorbidade — ou o SRAG que vitimou o bebê em dezembro. Matéria publicada no site da Fiocruz explica que os sintomas do vírus são, em geral, leves: tosse, febre e congestão nasal.
O HMPV foi identificado em 2001, na Holanda, e, em 2004, chegou pela primeira vez ao Brasil. De acordo com a Secretaria de Saúde, o vírus registrou, no ano passado, mais de 800 casos apenas no Paraná.
Surto de casos na China
De acordo com o que a chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), a virologista Marilda Siqueira, contou à Fiocruz, “as infecções respiratórias tendem a aumentar durante o inverno”.
No Brasil — bem como em outros países do hemisfério sul — é frequente, por exemplo, entre junho e setembro, a ocorrência de casos de gripes e resfriados, inclusive causados pelo metapneumovírus humano. Em países do hemisfério norte, como a China, em que o inverno ocorre entre dezembro e março, é comum, portanto, o aumento quadros relacionados a vírus como o HMPV durante essa época do ano.
A virologista afirma que a situação com o metapneumovírus é “completamente diferente” da causada pela Covid-19, por exemplo. “Ele é um velho conhecido dos cientistas. Já o SARS-CoV-2, que causou a pandemia, era uma nova cepa de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos.”
Em nota publicada na segunda-feira (6/1), a Organização das Nações Unidas (ONU) informou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está em contato com autoridades chinesas de saúde, “que informaram que a escala e a intensidade dos casos permanecem mais baixas do que há um ano”.
Como prevenir
A OMS explica que o HMPV se espalha por meio de gotículas, contato próximo ou superfícies contaminadas. Assim, são ideais para preveni-lo medidas simples que também servem para evitar doenças respiratórias — usar máscaras de proteção facial, manter os ambientes bem ventilados, cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, higienizar as mãos com frequência e evitar tocar em olhos, nariz e boca.
A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná informa que “a vacinação é a principal estratégia para prevenir complicações relacionadas a vírus respiratórios”. Embora não haja imunizante específico para o metapneumovírus humano, a pasta afirma que vacinas contra Covid-19 e Influenza, disponíveis de forma gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), “são eficazes na proteção contra formas graves de doenças respiratórias”.
“Há anos, estamos plenamente preparados para detectar esse e outros vírus respiratórios em território nacional”, diz Marilda à Fiocruz. “O Brasil possui uma rede de laboratórios de vigilância altamente capacitada.”