Tentativa de golpe

Michelle Bolsonaro diz que delação de Cid é "cortina de fumaça"

A ex-primeira dama vem se manifestando nos últimos dias, em tom de deboche, sobre as acusações de que faz parte do grupo que tentou derrubar o governo Lula, nas últimas eleições

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"Nunca conseguiram comprovar absolutamente nada porque não há o que ser comprovado", diz ex-primeira-dama - (crédito: Reprodução Instagram @michellebolsonaro)

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro voltou a se posicionar publicamente contra as alegações feitas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, em sua delação premiada. Em nota oficial divulgada pelo PL Mulher, do qual é presidente, Michelle classificou as informações como uma “cortina de fumaça” e sugeriu que os vazamentos teriam motivações políticas e estratégicas.

No comunicado, a mulher de Bolsonaro ressaltou que as acusações não possuem comprovações. “Essa ‘revelação’ já havia sido ventilada em 2023, mas nunca conseguiram comprovar absolutamente nada porque não há o que ser comprovado. Trata-se de mais uma cortina de fumaça”, declarou.

A ex-primeira-dama também atribuiu os vazamentos a uma suposta tentativa de desviar o foco das dificuldades enfrentadas pelo governo Lula, incluindo a queda na popularidade do presidente e os 'erros' de sua gestão. Ela citou ainda a recente presença dela em eventos internacionais, como a posse de Donald Trump, como um motivo para os ataques.

Michelle foi além, criticando o que chamou de “vazamentos seletivos e coordenados” envolvendo órgãos públicos e a imprensa.

"Isso é uma afronta à Constituição e aos direitos humanos. Esses vazamentos seletivos, bem como a repercussão, aparentemente coordenada, em veículos de imprensa que recebem grandes 'incentivos' de propaganda do governo, têm todas as características que indicam uma possível utilização da estrutura do Estado para perseguir adversários políticos, algo semelhante ao que foi denunciado nos últimos anos nos Estados Unidos e na Venezuela, e é conhecido como weaponization", afirmou.

No último domingo (26), Michelle fez uma postagem temporária no Instagram, em que compartilhou a manchete de uma reportagem sobre sua suposta participação no plano, acompanhada de risadas e figurinhas.

A delação de Mauro Cid, homologada em 2023, incluiu afirmações de que Michelle e Eduardo Bolsonaro teriam incentivado Jair Bolsonaro a seguir um plano golpista após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.

Segundo a colaboração de Cid, após perder as eleições em outubro de 2022, Bolsonaro passou a receber aliados no Palácio da Alvorada. Dentre eles, havia 3 grupos distintos: os dois primeiros eram contra um golpe e o terceiro era “mais radical”. Era nesse grupo que estariam os dois.

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O ex-ajudante de ordens afirmou que o grupo defendia que Bolsonaro assinasse um decreto de ruptura democrática com uso de armas. Eles acreditavam que o presidente teria apoio popular e dos CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores) e que o artigo 142 fundamentaria o golpe. Cid também citou como parte desse grupo os nomes de Felipe Martins (ex-assessor internacional), que teria ajudado a conseguir fundamentação jurídica para o golpe; e do senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS).

Vanilson Oliveira
postado em 28/01/2025 16:34 / atualizado em 28/01/2025 16:43