SAÚDE

Brasil registra 52 mil casos prováveis de dengue em 2025

Em apenas algumas semanas de 2025, já foram registrados 4 óbitos e 56 estão em investigação

Casos de dengue em 2025 aumentam 16,72% em comparação com 2023 -  (crédito: Raul Santana/FioCruz )
Casos de dengue em 2025 aumentam 16,72% em comparação com 2023 - (crédito: Raul Santana/FioCruz )

O ano de 2025 começou com um número expressivo de casos de dengue no Brasil, colocando a doença novamente no centro das preocupações de autoridades e da população. Em apenas algumas semanas de janeiro, já foram registrados 52.938 casos prováveis de dengue, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. Já são 4 óbitos confirmados pela doença e 56 em investigação. 

O Brasil, em 2024, viveu um dos maiores surtos da doença, com mais de 6,5 milhões de casos e 6.068 óbitos confirmados. A incidência de dengue no país tem sido volátil, com surtos mais intensos em alguns anos e uma aparente redução em outros. No entanto, a secretária estadual de Saúde, Claudia Mello, destacou que a situação de 2024 foi atípica, representando uma grande epidemia desde os primeiros meses do ano. Ela também alertou para o aumento de 16,72% nos casos de dengue em 2025 em comparação com o mesmo período de 2023.

“No ano passado vivemos uma grande epidemia de dengue, que já começou no início do ano, portanto, o ano de 2024 foi considerado atípico. Analisando a série histórica, temos 2023, ano sem epidemia e quando registramos 694 casos prováveis nas três primeiras semanas epidemiológicas do ano. Em 2025, já tivemos um aumento de 16,72% de casos em comparação com 2023. Isso nos acende um alerta para a importância da prevenção contra a doença”.

Ao longo das últimas semanas, a preocupação com o aumento da dengue tem se intensificado, especialmente em alguns estados brasileiros. Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins e Mato Grosso do Sul estão entre as regiões que mais apresentam risco de aumento no número de casos, sendo monitoradas de perto pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias estaduais.

Houve ainda a confirmação do primeiro caso de dengue tipo 3 em 2025, registrado no município do Rio de Janeiro. A paciente, uma mulher de 60 anos, foi diagnosticada com esse sorotipo, que não circula de forma predominante no estado desde 2007. A dengue tipo 3, uma das quatro variantes do vírus, apresenta os mesmos sintomas das outras formas da doença, como febre alta, dor no corpo e nas articulações, náuseas, vômitos, dor atrás dos olhos, mal-estar, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.

A diferença principal está no fato de que o Rio de Janeiro e outros estados do Brasil não haviam enfrentado esse sorotipo nos últimos anos, o que significa que uma parte considerável da população ainda não tem imunidade natural a esse tipo de dengue.

O primeiro caso de dengue tipo 3 em 2025 foi uma surpresa, dado que, em 2024, os sorotipos predominantes foram os tipos 1 e 2. Durante o ano passado, o Rio de Janeiro registrou dois casos isolados de dengue tipo 3, mas não havia uma circulação ampla desse sorotipo.

O combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, continua sendo a prioridade do Ministério da Saúde. O governo mantém o monitoramento dos casos, além de campanhas de conscientização da população, como a “Contra a dengue todo dia”. O plano de contingência, que já está em andamento, busca mobilizar as autoridades locais e os cidadãos para a eliminação dos focos do mosquito, com orientações específicas sobre como evitar o acúmulo de água em locais como latas, garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água descobertas e pratos sob vasos de plantas. Essas medidas de prevenção evitam que o mosquito se reproduza em água parada, e elimine focos de dengue para reduzir a proliferação da doença.

Em várias cidades do Brasil, as secretarias de saúde já iniciaram campanhas locais de limpeza e fiscalização para evitar a formação de criadouros do mosquito. A dengue continua sendo uma das arboviroses mais recorrentes no país, e, ao lado da chikungunya e do zika vírus, a doença representa um prblema contínuo para a saúde pública. 

Apesar dos números de 2025 ainda estarem abaixo dos registrados no pico da epidemia de 2024, as autoridades de saúde alertam para um possível agravamento da situação nos próximos meses, à medida que o clima tropical favorece a reprodução do mosquito. A combinação de chuvas e calor intenso, comuns no verão brasileiro, cria condições ideais para o aumento da população de Aedes aegypti, o que eleva o risco de novos surtos.

*Estagiária sob a supervisão de Renato Souza

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Vitória Torres*
postado em 16/01/2025 12:00
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