INVESTIGAÇÃO

Homem acusado de chefiar ataque a tiros contra assentamento do MST é preso

Polícia Civil chegou ao acusado, que confessou o crime na delegacia, por meio de relatos de vítimas e testemunhas. De acordo com delegado, tiroteio não foi motivado por "invasão ou proteção de terra"

Criminosos adentraram o assentamento regularizado do MTS Olga Benário, localizado em Tremembé, no interior de São Paulo, e dispararam contra moradores -  (crédito: Jorge Laerte/MST)
Criminosos adentraram o assentamento regularizado do MTS Olga Benário, localizado em Tremembé, no interior de São Paulo, e dispararam contra moradores - (crédito: Jorge Laerte/MST)

A Polícia Civil de São Paulo prendeu, na tarde deste sábado (11/1), um homem suspeito de ter chefiado o ataque a tiros ao assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na última sexta-feira (10/1). A informação foi dada em entrevista coletiva pelo delegado seccional da PC de Taubaté, Marcos Ricardo Parra. 

Policiais chegaram ao acusado, de 41 anos, por meio de relatos de vítimas. Uma vez que os criminosos não cobriram o rosto durante o ocorrido, o suspeito, conhecido pela comunidade, pôde ser identificado pelos moradores que estão hospitalizados e por testemunhas. Ele foi detido e, na delegacia, confessou que participou do tiroteio. 

De acordo com fala de Parra coletada pelo g1, o acusado, além de confessar o crime, “está indicando onde podem ser encontradas as demais pessoas (que participaram do ataque)”. Segundo o delegado, a Polícia Civil “trabalha na condição de certeza da participação dele”. 

Vítimas contam que os criminosos adentraram, de moto e de carro, o assentamento regularizado localizado em Tremembé, no interior de São Paulo, em que membros do MST vivem há anos. Lá, os agressores discutiram, dispararam contra moradores e os ameaçaram, avisando que voltariam “mais tarde”. 

Não há estimativa de quantas pessoas cometeram o atentado que matou dois militantes e deixou outros seis gravemente feridos. O motivo também ainda é investigado, mas estabelece-se relação com disputa por um lote do assentamento. 

“Com o assentamento fechado que é, eles têm ali um entendimento de existir concordância para a admissão de pessoas novas no local”, disse Parra. “A motivação foi o problema interno de pessoas do próprio assentamento, entre elas, ou seja, sem nenhuma conotação com invasão ou proteção de terra. Foi uma cobrança de posição em relação à permissão de negociar o terreno ou não.” 

A apuração indica que o homem preso e o restante do grupo estariam lá para, “num primeiro momento, intimidar”. Acontece que, em vez de intimidação, houve, na verdade, uma repulsa da presença deles lá”. De acordo com o delegado, assim iniciou o conflito. 

Não se sabe se o acusado queria adquirir o terreno ou negociava para um terceiro. Foram apreendidas armas brancas, como foices e facas, armas de fogo e um carro, que passarão por perícia a fim de tentar identificar digitais de possíveis criminosos. 

Mais cedo, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) determinou que a Polícia Federal (PF) abrisse “investigação criminal para apuração dos fatos”.  

*Com informações da Agência Estado.

 
 

Lara Perpétuo
LP
postado em 11/01/2025 19:45
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