desaparecimento

Corpo de fotógrafo brasileiro é identificado em Paris

Flávio de Castro Sousa, de 36 anos, que estava desaparecido desde o fim de novembro. Cadáver foi encontrado pela polícia francesa dentro do Rio Sena, na Região Metropolitana de Paris

Flávio estava desaparecido, mas causa da morte não está determinada -  (crédito: Reprodução/Instagram pessoal)
Flávio estava desaparecido, mas causa da morte não está determinada - (crédito: Reprodução/Instagram pessoal)

O corpo do fotógrafo mineiro Flávio de Castro Sousa, de 36 anos, que estava desaparecido desde o fim de novembro, foi encontrado pela polícia francesa dentro do Rio Sena, na Região Metropolitana de Paris. O resgate foi feito no sábado passada e a identidade comprovada, posteriormente, por exames de DNA. O Consulado do Brasil na França informou ter recebido a confirmação na tarde de quinta-feira. Disse, ainda, que está em contato com os parentes e permanece à disposição para prestar assistência.

Não há, porém, previsão de quando o corpo de Flávio será transladado ao Brasil, pois a polícia francesa ainda vai fazer exames para verificar se há presença de substâncias químicas no organismo — informação que pode ser útil na investigação do caso.

Segundo as informações passadas pelos investigadores à família de Flávio, o corpo foi encontrado em avançado estado de decomposição e sem sinais de violência, preso a galhos de árvores no Rio Sena, na altura de Saint-Denis, município do entorno de Paris. O Sena atravessa a capital francesa de leste a oeste e, depois, faz uma curva na direção nordeste, cruzando as cidades de Nanterre, Saint-Ouen e Saint-Denis.

Isso leva a crer que o corpo foi levado pela correnteza do rio por cerca de 20km, a partir do suposto local da queda, na altura da Ilha dos Cisnes, próxima à Torre Eiffel, onde as câmeras de vigilância teriam registrado a presença de Flávio pela última vez. Antes de desaparecer, o fotógrafo chegou a ser internado depois de ter sido resgatado das águas do Sena.

As buscas pelo fotógrafo, desaparecido em Paris em 26 de novembro, mobilizaram a polícia francesa, a Interpol e o adido da Polícia Federal (PF) em Paris, Luiz Ungaretti. O telefone celular de Flávio, o notebook e uma escova de dentes — usada para obter uma amostra do DNA do desaparecido — foram entregues à polícia francesa, para ajudar nas investigações.

Gravações de uma câmera de segurança captaram a imagem de Flávio próximo ao Sena, andando sozinho e desorientado, até se sentar à beira do rio. Minutos depois, quando a câmera retorna ao local, o fotógrafo não é mais visto. Não há imagem de Flávio pulando ou caindo nas águas.

Regaste no Sena

No dia do desaparecimento, pela manhã, Flávio de Castro esteve internado no Hospital Georges Pompidou, após ser resgatado também do Rio Sena durante a madrugada e ter tido hipotermia — naquela noite, a temperatura mínima em Paris foi de 8°C. Devido à internação, o fotógrafo perdeu o voo de volta ao Brasil.

Logo depois de sair do hospital, Flávio avisou a um amigo que ia à agência imobiliária Check My Guest, onde alugou um apartamento, para prorrogar em uma noite a estadia na capital francesa, onde estava desde 1º de novembro (confira, acima, a cronologia do caso). Mais tarde, disse para esse mesmo amigo que havia descansado e que sairia para jantar. A partir de então, não respondeu mais mensagens.

Diante da falta de notícias logo após o desaparecimento, a mãe de Flávio, Marta Maria de Castro, começou a fazer, insistentemente, ligações para o celular do filho. Na madrugada do dia 28, um indivíduo desconhecido atendeu, mas não se comunicava em português. Ele, então, passou o telefone para um brasileiro chamado Denis, funcionário de um restaurante francês.

Denis conversou com a mãe de Flávio e disse que o aparelho celular havia sido encontrado dentro de um vaso de plantas na entrada do restaurante, por volta das 7h do dia 27. No fim do ano passado, a polícia francesa entrou em contato telefônico com a mãe de Flávio para informá-la sobre o andamento das investigações. Com a ajuda de um tradutor, explicaram que as câmeras de segurança confirmaram que Flávio deixou o celular em um vaso, em frente a um bistrô na margem do Sena, e que outra câmera o mostrava à beira do rio.

Amigos do fotógrafo que estão em Paris e mantêm contato com autoridades francesas, guardaram a informação de que o corpo havia sido encontrado para que a família pudesse se preparar para contar à mãe de Flávio, que sofre de problemas cardíacos. Em uma publicação numa rede social, ela agradeceu o carinho que recebeu durante o tempo em que o filho esteve desaparecido.

"Peço que continuem orando pela família e para o Flávio descansar na paz e luz. Gratidão", publicou.

O francês Alex Gautier, amigo do fotógrafo e a última pessoa com a qual Flávio conversou antes de desaparecer, publicou um vídeo de despedida em que disse que amará o fotógrafo para sempre. Ainda agradeceu por todo tempo vivido e pelo carinho de Flávio.

"Obrigado por tudo, meu 'loulou d'amour'. Eu te amei, eu te amo e eu te amarei", disse, referindo-se a Flávio com uma expressão francesa usada para se referir a pessoas muito queridas.

O professor de ética Rafael Basso, amigo de Flávio, que manteve contato com autoridades francesas, também agradeceu o apoio recebido e disse esperar, a partir de agora, que as diversas teorias criadas pelas pessoas nas redes sociais sobre o desaparecimento cessem. "Respeitar os fatos e a realidade, por mais dura que seja, ainda tem sido a melhor saída", disse, em vídeo.

Cronologia do caso

1º/11/24

» Flávio de Castro Sousa chega à França, junto com Lucien Esteban, seu sócio em uma empresa de fotografia de eventos;

8/11/24

» Esteban retorna ao Brasil. Flávio continua na França;

25/11/24

» Por volta das 20h, no Bairro de Châtelet, Flávio se despede do amigo francês Alex Gautier, que conhecera no Instagram dias antes;

26/11/24

» Às 8h40, pelo WhatsApp, Flávio avisa Gautier que está no hospital Georges Pompidou porque caiu no Sena, na altura da Ilha dos Cisnes, e foi resgatado pelos bombeiros;

26/11/24

» 12h: horário do voo da Latam em que Flávio voltaria ao Brasil;

» 12h52: Flávio envia a Gautier foto da agência imobiliária, onde foi prorrogar a estadia no apartamento alugado;

» 14h01: Ele envia foto das roupas, aparentemente inutilizadas pela água. Avisa que a agência emprestou roupas e carregador de celular;

» 14h23: Flávio avisa a Gautier que vai dormir. Depois disso, não responde mais às mensagens;

27/11/24

» Pela manhã, uma faxineira vai ao apartamento de Flávio e encontra as malas prontas e itens de higiene pessoal;

» Por volta das 18h, Gautier vai ao apartamento do fotógrafo. Pelas 19h, entra em contato com a agência, que informa ter ligado para o celular de Flávio, atendido em um bistrô próximo ao local da queda no rio;

4/1/25

» Corpo do brasileiro é encontrado no Rio Sena;

9/1/25

» Resultados de DNA confirmam a identidade de Flávio. O Consulado é comunicado.

*Colaborou Melissa Souza, estagiária sob supervisão de Jociane Morais

 

Denys Lacerda
postado em 11/01/2025 03:55
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