EDUCAÇÃO

Gasto com material escolar cresce 43,7% nos últimos quatro anos

Segundo levantamento, um em cada três consumidores planeja parcelar os custos para arcar com as despesas do ano letivo de 2025

Valor gasto nas papelarias saltou de R$ 34,3 bilhões em 2021 para R$ 49,3 bilhões em 2024 -  (crédito: Paulo H Carvalho/Agência Brasília)
Valor gasto nas papelarias saltou de R$ 34,3 bilhões em 2021 para R$ 49,3 bilhões em 2024 - (crédito: Paulo H Carvalho/Agência Brasília)

As famílias brasileiras desembolsaram R$ 49,3 bilhões com materiais escolares em 2024, um aumento de 43,7% em relação aos últimos quatro anos. O valor foi divulgado em pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com a QuestionPro,e  reflete a crescente pressão financeira sobre o orçamento das famílias, especialmente aquelas com filhos em idade escolar.

O levantamento, realizado entre 2 e 4 de dezembro com 1.461 entrevistados em todo o Brasil, revela que 85% das famílias com filhos em idade escolar têm seus orçamentos impactados por essas compras. Um em cada três consumidores planeja parcelar os custos para arcar com as despesas do ano letivo de 2025. O estudo também aponta que, enquanto 90% das famílias com filhos na rede pública e 96% nas escolas privadas irão adquirir materiais escolares, os gastos com itens como uniformes e livros didáticos também pesam no bolso dos pais.

O valor gasto com materiais escolares no Brasil saltou de R$ 34,3 bilhões em 2021 para R$ 49,3 bilhões em 2024, um crescimento que reflete tanto a inflação quanto o aumento no custo de produção e distribuição desses produtos. A pesquisa mostra ainda que a maior parte dos gastos se concentra nas classes B e C, que juntas representam 76% dos gastos nacionais. A classe C, em particular, sofre um impacto maior, com 95% dos entrevistados relatando que as compras de material escolar afetam o orçamento familiar.

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O diretor de pesquisa do Instituto Locomotiva, João Paulo Cunha, destaca que o aumento nos custos de materiais escolares afeta famílias de escolas públicas e privadas. “Muita gente acredita que pais de alunos da rede pública não têm despesas com materiais, já que muitos recebem uniformes e materiais do governo. No entanto, a realidade é bem diferente, com grande parte dessas famílias tendo que complementar esses itens, o que também pesa no orçamento doméstico”, explicou.

Com o aumento das despesas, muitas famílias recorrem ao parcelamento. Cerca de 35% dos entrevistados afirmaram que irão parcelar as compras para o ano letivo de 2025, e essa porcentagem sobe para 39% entre as famílias da classe C. A maioria, no entanto, 65% prefere pagar à vista. Entre as classes A e B, 71% afirmam que conseguem quitar as compras de uma só vez.

Muitas famílias precisam reorganizar suas finanças, seja recorrendo ao crédito, retirando dinheiro do que foi poupado, ou mesmo comprometendo outras despesas. De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), o aumento dos custos dos materiais escolares é impulsionado pela inflação, o aumento nos custos de produção, bem como o encarecimento do frete marítimo e a alta do dólar, o que impacta diretamente os produtos importados, como mochilas e estojos. Para 2025, a entidade estima uma elevação de 5% a 9% nos preços dos materiais.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

Vitória Torres*
postado em 07/01/2025 17:36 / atualizado em 07/01/2025 17:38
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