A advogada brasileira Maira Pinheiro, responsável por uma ação na Justiça brasileira contra o soldado israelense Yuval Vagdani — acusado de crimes de guerra na região de Gaza, na Palestina, que passava férias na Bahia e que deixou o Brasil após a Justiça Federal pedir que a Polícia Federal (PF) o investigasse —, está sofrendo ameaças de morte e de violência sexual após ingressar com a ação.
Contratada pela Fundação Hind Rajab, uma organização internacional de defesa ao povo palestino, Maira se mostra veementemente a favor da Justiça para a Palestina em suas redes sociais. Em post publicado por sua conta pessoal no Instagram, com a Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), a advogada expôs os tipos de ameaças que vem sofrendo.
Comentários como “esperando ansiosamente por horríveis notícias envolvendo seu nome”, até “se estivesse aqui ainda, eu ia pessoalmente te caçar e te encher de porrada” tem tomado conta de sua caixa de mensagens, mas não para por aí. Maira, além de receber ameaças e ter dados pessoais vazados nas redes sociais, está tendo que lidar com ameaças que sua filha de 10 anos está recebendo.
“Embora seja inquietante, nada do que aconteceu hoje (05/01) ou que possa acontecer me surpreende. Eu esperava enfrentar situações assim quando decidi seguir esse caminho. Reafirmo minha confiança na integridade e confiabilidade das instituições brasileiras”, afirmou a advogada em post publicado em sua rede social pessoal.
Além disso, Maira disse que está documentando todas as ameaças e ataques recebidos em suas redes, coletando, também, a URL dos perfis dos agressores e explicou que esses ataques “podem configurar crime de coação no curso do processo, previsto no artigo 344 do Código Penal, com pena de até quatro anos”.
Segundo ela, todas as informações obtidas foram encaminhadas à PF, ao Ministério Público Federal, à Polícia Civil de São Paulo, ao Ministério Público de São Paulo e às instâncias competentes na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além de afirmar que está sendo orientada sobre os trâmites para entrar no Programa Nacional de Proteção de Defensores dos Direitos Humanos.
A FEPAL e a Fundação Hind Rajab publicaram notas em apoio à advogada. A Federação Árabe Palestina expressou “solidariedade irrestrita” a Maira e disse condenar “nos mais duros termos” as ameaças que a brasileira está sofrendo. Já a Fundação que contratou Maira descreveu os ataques sofridos pela advogada como “vis e covardes” e ressaltou que “esses atos desprezíveis visam intimidá-la e silenciá-la, mas não terão sucesso”.
*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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