DOENÇA

Litoral de São Paulo registra milhares de contaminados com viroses

Ao todo, foram mais de 4 mil casos registrados em Santos e no Guarujá. Viroses são comuns na região durante o verão, devido à alta temperatura e às aglomerações

 Guarujá e outras cidades de São Paulo registraram surto de virose 
     -  (crédito: Prefeitura Municipal de Guarujá)
Guarujá e outras cidades de São Paulo registraram surto de virose - (crédito: Prefeitura Municipal de Guarujá)

Turistas e moradores do litoral de São Paulo relataram alto número de pessoas contaminadas com viroses em praias de cidades como Santos, Guarujá e Praia Grande. Nas redes sociais, reclamações de lotação de postos de saúde e falta de medicamentos nos primeiros dias de 2025 foram constantes. 

Sintomas como febre, náusea, vômito e diarréia foram registrados pelos internautas, o que resultou na alta demanda para os hospitais. “Cinquenta por cento da turma com a virose do Guarujá e os outros 50% aguardando se vai ficar doente ou não. Todo ano isso é igual”, declarou uma usuária no X (antigo Twitter).

No fim de 2024 e início de 2025, a ocorrência de viroses na região aumenta devido ao grande uso da praia. Segundo a prefeitura de Guarujá, foram registrados cerca de dois mil casos, justificados por fatores como temperaturas elevadas, aglomeração de pessoas e falta de cuidados com alimentação.

O Mapa de Qualidade das Praias, divulgado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), revela que 38 de 175 praias da região foram consideradas impróprias para banho. Três delas se localizam em Ubatuba, sete em São Sebastião, cinco em Ilhabela, sete em Santos, seis em Praia Grande e uma no Guarujá.

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Causadas principalmente por adenovírus e enterovírus, as viroses são transmitidas por contato com superfícies, água e alimentos contaminados e atingem o intestino grosso. O vírus permanece no organismo de três a sete dias, e apenas os sintomas são combatidos.

A Secretaria de Saúde de Santos declarou ao Correio que as viroses são geralmente benignas, mas causam incômodo e mal-estar: “As viroses podem representar um risco maior para as crianças, bem como para os idosos e pessoas com comorbidades. Isso porque elas tendem a desidratar com mais rapidez em casos de gastroenterite, com a presença de vômitos e diarreia, por exemplo.”

O órgão de saúde afirma estar ciente da contaminação no período de férias, quando ocorrem aglomerações de pessoas, consumo de alimentos de origem desconhecida e enchentes causadas pelas chuvas - fatores de risco para a contaminação. 

“Santos é uma cidade turística, que historicamente registra um grande aumento da população flutuante entre os meses de dezembro e fevereiro”, afirma a Secretaria. Três UPAs da cidade de Santos registraram 2.147 atendimentos em dezembro e 273 em janeiro. 

As viroses não são de notificação obrigatória perante o Ministério da Saúde. Dessa forma, foram levantados números de atendimentos nas três UPAs de Santos nos últimos meses até 2 de janeiro, que podem corresponder a moradores da cidade ou não, além da possibilidade de mais de um atendimento para a mesma pessoa.

O Departamento de Vigilância em Saúde de Santos orienta cuidados específicos no verão, como lavar as mãos antes de comer e após usar o banheiro; lavar bem os alimentos; hidratação; evitar o consumo de alimentos preparados sem higiene e de origem duvidosa; e buscar uma unidade de saúde caso apresente sintomas de virose. 

A Secretaria Municipal de Saúde de Guarujá informa que o tempo de espera por atendimento nas unidades foi reduzido após o reforço de médicos e enfermeiros em todo o sistema municipal: "Destacam-se as unidades PAM Rodoviária e UPA Enseada, as mais movimentadas. Na primeira, o tempo de espera, que chegou a 2 horas e 40 minutos, hoje (3/1) foi reduzido para 1 hora e 20 minutos. Já na UPA Enseada, que também recebe boa parte dos turistas que visitam Guarujá, o tempo de espera por atendimento caiu de 4 horas para 2 horas e 20 minutos."

De acordo com a Secretaria, Guarujá conta com unidades de saúde abertas até as 22 horas sem a necessidade de agendamento de consultas. A prefeitura notificou a Sabesp sobre a possibilidade de vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da Enseada, que podem ser a causa do aumento dos casos de virose na cidade, mas não obteve resposta. A prefeitura aguarda também o resultado de análises encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz para tentar esclarecer a origem dos casos de GECA (gastroenterocolite aguda), uma doença que causa inflamação no estômago, intestino delgado e intestino grosso.

 

Bianca Lucca
postado em 03/01/2025 17:11 / atualizado em 03/01/2025 17:43
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