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Um em cinco brasileiros mora em imóvel alugado, diz IBGE

Pesquisa mostra que número de locadores vem aumentando. Em 2000, era 12,3% da população e chegou a 20,9%, em 2022

Uma a cada cinco pessoas no Brasil mora de aluguel. Os dados são da pesquisa preliminar do Censo Demográfico 2022: Características dos Domicílios, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse porcentual de locadores era 12,3%, em 2000, e vem crescendo desde então. Em 2022, alcançou a marca de 20,9%.

Pelo lado de quem vive em casa própria, e conforme os dados do último Censo, 72,7% da população vivem em domicílios próprios (sejam comprados e quitados, em financiamento, herdados ou doados). A porcentagem era um pouco mais alta em 2000, chegando a 76,8%.

Em 5.553 dos 5.570 municípios, os moradores de domicílios próprios representam mais da metade de seus residentes. Em apenas um município, Lucas do Rio Verde (MT), mais da metade da população residia em domicílios alugados (52%). Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, a maior proporção da população pagando aluguel foi registrada em Balneário Camboriú (SC), 45,2%, e a menor, em Cametá (PA), 3,1%.

Os pesquisadores do IBGE não sabem explicar os fatores por trás desse movimento. Isso porque nem todas as informações do Censo 2022 foram divulgadas — faltam, por exemplo, os dados de renda por domicílio, cruciais para essa análise. Mas arriscam algumas teorias.

"A gente não tem no Censo, nem em outras fontes de dados, algo que nos permita interpretar essas informações. Mas podemos dizer que é um processo nacional, que ocorre em praticamente todas as unidades da Federação, principalmente de 2010 a 2022. O fato de ser um processo bem disseminado no território nacional, nos leva a eliminar algumas causas, como políticas urbanas específicas e fluxos migratórios [estados que recebem mais migrantes tendem a ter percentuais maiores de locadores]", explicou o pesquisador Bruno Mandelli Perez, responsável pelo levantamento.

O aumento do número de pessoas vivendo em imóveis alugados não é, necessariamente, um indicador de vulnerabilidade social, esclarece o pesquisador. Tanto é assim que a participação dos municípios com os maiores porcentuais de imóveis alugados está, justamente, nas unidades da Federação mais ricas — como São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal.

"Do ponto de vista individual, a maioria das famílias prefere ter algum patrimônio. Mas mudanças culturais podem ditar novas maneiras de acumular esse patrimônio, que não seja por meio da posse de uma casa", observou Perez.

Desigualdade

Quanto a acessos a bens e serviços, os resultados continuam marcados pela desigualdade. Em 2022, quase 90% dos brasileiros residiam em endereços com acesso à internet. O Distrito Federal ocupa o primeiro lugar entre as unidades da Federação, em proporção de habitantes, com acesso à web — 96,2%. O Acre está abaixo da média nacional — 75,2%. É a primeira vez que um Censo Demográfico registra o número de brasileiros com acesso a internet no país.

Outro item observado nas residências foi a existência de máquina de lavar roupas. Ao levar esse item em consideração, o relatório expõe um dado curioso: a proporção de endereços com conexão à internet (89,4%) é maior do que aqueles com máquinas de lavar (68,1%).

Embora o eletrodoméstico esteja em menos de 70% dos imóveis do país, o número é o dobro daquele registrado em 2000 — 31,8%. Mais uma vez, há uma discrepância racial entre aqueles que não têm o utensílio: a maioria é composta de pretos e pardos (83,1%) e a minoria, de brancos e amarelos (29,7%).

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Número de cômodos

Um dado que chama a atenção na pesquisa é o do aumento na subdivisão dos imóveis. Em 1970, 29,1% dos domicílios tinham até três cômodos, mas, em 2022, esse número caiu para 7%. Em casas com um repartição reside 0,2% da população; com dois, 1,5%; e com três, 5,3%. A porcentagem salta para 13,5% para aqueles em moradias de quatro cômodos, e 29,2% nas de cinco. A maior parte da população (50,3%) vive em domicílios com mais de seis aposentos — 44,4% ocupam moradias de seis a nove cômodos e 5,9% em imóveis com mais de 10.

Segundo a pesquisa, houve um aumento no número de brasileiros residindo em imóveis de alvenaria ou taipa, com revestimento nas paredes externas. Passou de 79%, em 2010, para 87%, em 2022. A quantidade de pessoas que vivem em habitações de madeira caiu de 6,9% para 4,1% no mesmo período.

O mesmo ocorreu com moradores em casas com paredes de alvenaria sem revestimento — em 12 anos, saíram de 11,6% para os 7,6%. Segundo Bruno Perez, os dados mostram uma evolução positiva nos lares "no sentido de ter mais estrutura, tanto do material usado nas habitações como do espaço". (Com Agência Estado)

 

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