Cidadãos latino-americanos têm se mostrado contra a utilização de inteligência artificial (IA) para a produção de conteúdo jornalístico, segundo dados do estudo DemocracIA: Percepções sobre inteligência artificial e democracia em Argentina, Brasil, Colômbia e México, realizado pelo Instituto Ipsos a pedido da Luminate.
A pesquisa apontou que 57% dos entrevistados nos quatro países julgam ser inaceitável que a IA crie notícias com pouca ou nenhuma supervisão humana por trás. Já entre aquelas que desconhecem o uso da ferramenta para criação de notícias, 71% dos que desconhecem o uso da ferramenta dizem ser inaceitável.
“O nível de desaprovação com o uso da IA para gerar notícias cai consideravelmente quando as pessoas são questionadas sobre personalização, o que pode reforçar bolhas de opinião e, como consequência, a polarização”, é afirmado na pesquisa.
Em nota enviada ao Correio, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) defende que o uso das IAs no jornalismo seja feito com “extrema cautela e sob rigorosa supervisão humana”. “O estudo, que aponta uma rejeição majoritária ao uso de IA para criar notícias sem supervisão, reflete uma preocupação legítima: a preservação da credibilidade e da ética no jornalismo”.
Ao entrevistarem 4.003 pessoas, levantou-se que 41% julgam ser inaceitável que conteúdos jornalísticos personalizados para diferentes grupos sejam criados pelas IAs. Por outro lado, 40% dizem ser aceitável, “mostrando que esse pode ser um tema divisivo”.
Além disso, 44% dos entrevistados desaprovam a utilização da ferramenta para que seja definido se os conteúdos online são verdadeiros ou falsos, enquanto 39% acham que é aceitável.
Isso leva ao cenário também apontado pela pesquisa, em que mostra que apenas 28% dos ouvidos acreditam que seu país saberia lidar com os desafios trazidos pelas IAs — o país mais otimista é o México, com 33%, e o menor na Colômbia, 23% —. Consequentemente, 55% acham que a ferramenta deveria ser regulamentada pelo seu governo.
“Em média, 65% de quem afirma ter um bom entendimento sobre IAs nos quatro países pesquisados concordam que seus governos devem regulamentá-la, evidenciando a ligação entre o conhecimento da IA e o apoio à sua regulamentação”, ressalta o estudo.
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