MINA DE TURMALINA

Pilha de rejeitos que desmoronou em MG soterrou casas; confira o vídeo

PIlha de rejeitos da mina de Turmalina, em Conceição do Pará, deslizou na manhã de sábado (7/12) e provocou a interdição de 21 residências

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O deslizamento de uma pilha de rejeitos na mina Turmalina, em Conceição do Pará, Centro-Oeste de Minas Gerais, deixou casas completamente soterradas no último sábado (7/12). Imagens aéreas feitas por um cinegrafista local mostram a destruição provocada na comunidade de Casquilho de Cima, onde 21 residências tiveram de ser evacuadas e 79 pessoas retiradas de suas moradias.

O cinegrafista Filipe Lacerda, morador de Conceição do Pará, enviou ao Estado de Minas imagens feitas com um drone entre a manhã de sábado, quando ocorreu o deslizamento, e a tarde deste domingo (8/12). Nos registros é possível perceber que há uma movimentação de terra próximo às casas e a destruição provocada nas residências atingidas pelos rejeitos de mineração. Veja o vídeo: 

 

De acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, a área foi completamente evacuada desde a manhã de sábado e a corporação trabalha com ações pontuais para a retirada de pertences das famílias dentro das residências. 

A mineradora canadense Jaguar informou que os moradores retirados de suas casas foram realocados em hotéis da região. Fontes ouvidas pela reportagem afirmaram que um dos destinos é Pitangui, cidade vizinha com cerca de 28 mil habitantes, quase seis vezes maior que Conceição do Pará.

Ana Cristina Maciel chegou à comunidade na tarde de domingo para ver de perto a situação. À reportagem ela conta que a casa onde a mãe vive é uma das 21 residências evacuadas pela Defesa Civil local e os bombeiros. Com a família fora de perigo, a auxiliar de vendas relata uma sensação que varia de alívio pela ausência de feridos com a consternação de ver as ruas e casas que integram o cenário de sua infância.

“A casa da minha mãe está muito próximo de ser afetada. Ela já está no hotel então dá um alívio porque não teve nenhum ferido. Mas é triste. Vivi aqui por 30 anos, tem gente completamente desesperada, a gente não esperava isso tudo, tem várias famílias afetadas. Temos que agradecer a empresa e as autoridades pela assistência, mas infelizmente tudo é muito complicado”, disse.

Com apenas 5.415 habitantes, Conceição do Pará tem uma economia tradicionalmente atrelada à pecuária e ao cultivo de mandioca e milho. Adquirida no início do século pela canadense Jaguar Mining, a mina de Turmalina hoje tem um impacto significativo para o município. Segundo a própria empresa, a jazida tem uma capacidade de exploração de 2 mil toneladas de ouro por dia.

Fontes procuradas pela reportagem apontam receio em falar sobre o deslizamento pelo impacto econômico da mineração na cidade. Mesmo já realojados, moradores das casas que foram interditadas tiraram o domingo para aguardar novidades das autoridades na rodovia que margeia a mina. Sob a sombra de árvores, eles observam seus lares com receio de que as estruturas sejam afetadas de alguma forma. 

Em atualização divulgada pelos bombeiros na tarde de domingo, cinco das 21 residências interditadas foram afetadas fisicamente pela pilha de rejeitos. A Defesa Civil de Conceição do Pará emitiu um comunicado com um apelo para que os moradores não retornem à área afetada sem uma orientação prévia das autoridades.

O cinegrafista Fillipe Lacerda, que cedeu as imagens feitas à reportagem, relatou sua incredulidade ao realizar os registros. Ele subiu o drone em diferentes momentos do sábado e domingo e acredita que há uma movimentação da pilha de rejeitos com o passar do tempo.

“Ao vivo é uma cena inacreditável. Eu trabalho com cinematografia, então a gente vê muita coisa que dá pra produzir. Mas a gente só tem a proporção e entende quando chega perto. A gente imagina Brumadinho. A cada voo de drone a gente fica apreensivo e fica torcendo para a terra não ceder mais. A gente toma a dor das pessoas”, desabafou.

Mina interditada

Na noite do sábado, a Agência Nacional de Mineração (ANM) suspendeu todas as atividades da mina de Turmalina. Uma equipe técnica do órgão fiscalizador identificou risco iminente para a segurança da estrutura, da comunidade e do meio ambiente.

Em nota a ANM afirma que caberá à mineradora providenciar as ações para retomar a estabilidade da pilha e garantir a segurança da mina e da comunidade. Mais exigências específicas poderão ser cobradas da Jaguar ao longo do processo de investigação sobre as causas do deslizamento.

A ANM aponta ainda que uma das faces da pilha de rejeitos fica a cerca de 250 metros da barragem da mina. Uma vistoria foi feita pela equipe do órgão fiscalizador e nenhuma interferência na estrutura foi percebida. A barragem do complexo minerário segue dentro dos parâmetros de segurança determinados pela agência.

Em nota publicada neste domingo, a Jaguar afirma estar seguindo as medidas determinadas pelas autoridades e alocando as famílias da área interditada em hotéis. A empresa disponibilizou o e-mail casquilho@jaguarmining.com.br para responder dúvidas dos moradores afetados.

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