ACIDENTE EM MINAS GERAIS

"A gente precisa do corpo para poder velar", diz cunhado de vítima

Jeferson Caio de Melo veio para Belo Horizonte em busca do corpo do cunhado, Caio Novaes; 14 corpos já foram identificados

Jeferson Caio de Melo é uma inúmeras pessoas que tem se dirigido até o IML de BH em busca do seu familiar morto na BR-116 -  (crédito: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Jeferson Caio de Melo é uma inúmeras pessoas que tem se dirigido até o IML de BH em busca do seu familiar morto na BR-116 - (crédito: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Familiares das vítimas do acidente que envolveu um ônibus, uma carreta e um carro em Teófilo Otoni, no sábado (21/12), continuam em busca de informações e da identificação dos corpos pelo Instituto Médico Legal em Belo Horizonte.

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Jeferson Caio de Melo, cunhado de Caio Novaes, uma das vítimas da tragédia, compareceu ao IML na manhã desta terça-feira (24/12) com a esposa e a cunhada para a identificação do corpo. "Está sendo muito difícil, estou com as irmãs dele aqui", disse Melo.

Caio Novaes era natural de Mirante, na Bahia, e tinha 26 anos. Ele estava trabalhando em Santa Catarina há seis meses e viajava para passar o ano novo com a família em sua terra natal. O jovem embarcou no ônibus da Emtram em São Paulo, com destino a Vitória da Conquista, na Bahia, para depois seguir para Mirante. A vítima deixou dois filhos, de 3 e 4 anos.

"O Caio era muito gente boa, alegre e trabalhador. Infelizmente agora é juntar os cacos", disse Jeferson. "O que a gente precisa mesmo é do corpo dele, para poder velar", emendou. 

Jeferson conta que buscou três locais para coleta de material, sendo um em São Paulo, onde mora, e dois na capital mineira, até chegar ao lugar correto. "Desde São Paulo que está assim, muito dificultado, ninguém dá uma informação certa. A mãe dele está quase morrendo na Bahia", concluiu.

Quem também reclama da falta de informações é Bruno da Silva Ribeiro. Ele foi pelo terceiro dia consecutivo ao IML. Bruno é irmão de Weberton da Silva Ribeiro, motorista do ônibus que levava os 45 passageiros de São Paulo para a Bahia.

Bruno saiu de Caratinga, no Vale do Rio Doce, e chegou a BH por volta de 1h30 de domingo acompanhado da esposa Thairinny, e contou que passaram a madrugada ao relento, dormindo nos bancos na entrada do IML: "Passamos frio, fome, sede, debaixo de chuva praticamente. A Polícia, até então, também não tinha oferecido um suporte".

O apoio da Emtram, empresa dona do ônibus que se acidentou, veio somente às 18h de domingo, depois que Bruno entrou em contato. Agora, o casal está hospedado em um hotel da capital mineira. "Nós que fomos atrás deles", afirma Bruno.

Bruno ressalta que não foi informado sequer do estado do corpo do irmão e que sempre que tenta saber algo, a resposta é sempre a mesma: "Não temos essa informação"

"A coleta eu já fiz, mas a gente vem buscar informações e acaba saindo sem nada. Não dão previsão de quando vai ser liberado, se já tem resultado do DNA. Não sei nem como ele tá", conta, abalado.  

Corpos identificados

Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirmou que 14 corpos foram identificados, sendo que 11 foram retirados pelos familiares.

A corporação ainda ressalta que trabalha com celeridade, mas ainda não consegue precisar o tempo necessário para identificar todas as vítimas, uma vez que os exames são complexos. Como as vítimas foram carbonizadas, o material genético cedido pelos familiares tem contribuído na identificação dos corpos.

Bruno Nogueira
BN
postado em 24/12/2024 14:05 / atualizado em 24/12/2024 14:05
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