A sexta-feira foi apavorante para os passageiros do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP). A execução de um homem a tiros em um dos acessos do terminal aéreo deixou o público em pânico e explicitou a ousadia do crime organizado no maior aeródromo do país.
Às 16h04, o empresário do ramo imobiliário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38 anos, caminhava na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos. Em segundos, dois homens encapuzados desceram de um carro e deram vários tiros de fuzil contra o alvo. Antônio Gritzbach morreu na hora. A namorada dele conseguiu fugir.
Segundo informaram as autoridades policiais, o crime se trata de uma queima de arquivo. Antônio Gritzbach estava colaborando nas investigações sobre as atividades do Primeiro Comando da Capital (PCC).
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Há uma suspeita de que o atentado foi motivado por vingança pela facção criminosa. Gritzbach é réu em um processo de lavagem de dinheiro e estava ajudando as autoridades, por meio de um acordo de delação premiada.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou, por meio de nota, que a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga as circunstâncias do homicídio. "Na ação, outras três pessoas ficaram feridas. Duas delas foram socorridas ao Hospital Geral de Guarulhos e a terceira atendida e ouvida no local. Outras testemunhas também estão sendo ouvidas pela Polícia Civil", afirmou. Segundo a SSP-SP, um carro, supostamente usado pelos atiradores, foi apreendido pela Polícia Militar.
Inteligência
Na avaliação de uma fonte da Polícia Federal, o evento foi bem planejado, difícil de evitar em qualquer lugar. "Mas perderam o medo de fazer em público. Deve gerar alguma reação do governo", destacou a fonte, comparando o atentado com homicídios parecidos com os executados por cartéis mexicanos.
De acordo com Marlos Valle, diretor de Assuntos Sindicais do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), a execução em Guarulhos "é um exemplo trágico da escalada de violência promovida pelo crime organizado". "Episódios como este expõem o destemor de facções que atuam à margem da lei, colocando em risco a segurança de cidadãos em locais de grande circulação. Para combater essas ameaças, é crucial que se priorize o fortalecimento das investigações e da inteligência policial, ao invés de focar apenas na ação ostensiva", alertou.
Na avaliação do especialista, desarticular o tráfico de drogas, o comércio de armas e o financiamento dessas organizações exige uma atuação investigativa coordenada e eficiente. "Isso deve envolver desde delegacias de bairro até unidades especializadas. Sem conhecer o inimigo, é impossível combatê-lo. E isso só é possível coibindo desde pequenas gangues regionais até as facções transnacionais, integrando o trabalho das polícias civis com a Polícia Federal."
Nesse contexto, segundo Valle, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança deve fortalecer esses pilares, "garantindo que as polícias judiciárias tenham as ferramentas necessárias para investigar e desmontar redes criminosas". "Somente com uma estratégia investigativa consistente é possível garantir a segurança da população e coibir o avanço do crime organizado", acrescentou.
O Aeroporto Internacional de São Paulo é o maior terminal aéreo brasileiro, registrando uma média de 123 mil viajantes por dia em agosto, segundo a GRU.
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