OPERAÇÃO COBIÇA

PF prende quatro suspeitos de envolvimento com mineração ilegal

Dois servidores públicos recebiam propina mensal para não interferirem na ação das organizações criminosas e estarem "à disposição"; 21 mandados de busca também foram realizados

PF precisou explodir o portão da residência de um dos coronéis investigados -  (crédito: Divulgação/PF)
PF precisou explodir o portão da residência de um dos coronéis investigados - (crédito: Divulgação/PF)

A Polícia Federal prendeu, na manhã desta quinta-feira (28/11), quatro pessoas, sendo dois servidores públicos e dois empresários, suspeitos de participarem de uma organização criminosa que extrai ouro ilegal no Pará. A Operação Cobiça, que tem como foco o combate a crimes ambientais na região do Tapajós, no Pará, expediu 21 mandados de busca e apreensão ao longo do dia em Santarém, Itaituba e Altamira, no Pará, no Rio de Janeiro e em Goiânia.

Entre os alvos, estariam o coronel Pedro, comandante regional do CPR 10; o tenente-coronel Campos, comandante do 15º Batalhão de Polícia Militar; e o cabo Sidney, que foram presos. Fontes confirmaram ao Correio que, durante a ação, a PF precisou explodir o portão da residência de um dos coronéis investigados.

A PF informou que os crimes investigados pela Operação Cobiça são lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e organização criminosa. Durante a operação, foram apreendidos carros de luxo, joias, celulares e uma quantidade ainda não contabilizada de ouro e dinheiro.

"Há fortes indícios de que o ouro comercializado pela organização criminosa provém de garimpos localizados no interior e região de entorno da Terra Indígena Munduruku. Essa é uma das terras indígenas mais devastadas pelo crime e que está, no momento, em processo de desintrusão em grande operação", afirmou a PF em nota.

O dinheiro, de acordo com a instituição, “seria para que os servidores públicos facilitassem ou não reprimissem os crimes ambientais cometidos pelas empresas, além de atuarem na logística e segurança do ouro ilegal”. 

Segundo a investigação, os servidores recebiam uma propina mensal de empresas e outros investigados pela comercialização de ouro ilegal advindo de terras indígenas e reservas legais. Um deles recebia R$ 4 mil por mês para “não embaraçar o negócio ilegal” e outros dividiam R$ 10 mil, também recebido mensalmente, para estarem à disposição das empresas, “inclusive em horários de expediente e usando carro e outros materiais de trabalho institucionais.

A operação também revelou que empresas envolvidas causaram danos ambientais em uma área de 212 hectares, declarando atividades ilegais para a Agência Nacional de Mineração. O grupo econômico teria faturado mais de R$ 1 bilhão entre 2020 e 2021, extraindo recursos acima do permitido.

Um dos investigados é um empresário com passagens pela polícia por tráfico de drogas, condenado três vezes, além de outras condenações por receptação, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação para o tráfico.

A ação tem origem na Operação Ganância, de 2022, que investigava o desvio de recursos públicos em Rondônia. Os investigados agora enfrentam acusações de lavagem de dinheiro, organização criminosa e usurpação de bens da União.

* Estagiários sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza

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postado em 28/11/2024 17:40
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