G20 SOCIAL

Lula recebe carta do G20 Social: "Fundamental para avançar na tributação de super-ricos"

O presidente esteve na cerimônia de encerramento do evento de participação social, que foi de idealização dele

 Lula durante ato de entrega do documento final da cúpula do G20 Social -  (crédito:  Tomaz Silva/Ag..ncia Brasil)
Lula durante ato de entrega do documento final da cúpula do G20 Social - (crédito: Tomaz Silva/Ag..ncia Brasil)
Enviada especial para o Rio de Janeiro - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, neste sábado (16/11), a declaração final do G20 Social com reivindicações da sociedade civil que devem ser levadas aos chefes de Estado do grupo. Na ocasião, o chefe do Executivo ressaltou a importância da mobilização para pressionar a adesão dos países à Aliança Global contra à Fome e à Pobreza e a tributação dos super-ricos – pautas prioritárias do governo federal. O evento ocorre no Rio de Janeiro.
“A mobilização permanente de vocês será fundamental para impulsionar os trabalhos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e avançar a tributação dos super-ricos. Para garantir as metas de triplicar o uso de energias renováveis e antecipar a neutralidade de emissões. Para levar adiante o nosso chamado para a ação pela reforma da governança global assegurando instituições globais mais representativas”, iniciou o presidente. 
Lula ainda garantiu que levará as demandas entregues a ele para serem discutidas junto aos líderes das 19 maiores economias globais, União Europeia e União Africana, durante a Cúpula do G20, que ocorre na próxima segunda (18) e terça-feira (19). 
“Vou levar as recomendações contidas na declaração final que vocês me entregaram aos demais líderes do G0 e trabalhar com a África do Sul para que elas sejam consideradas nas discussões do grupo. Espero que esse pilar social do G20 continue nos próximos anos abrindo cada vez mais nossas discussões para o engajamento da cidadania. Essa cerimônia de encerramento marca o começo de uma nova etapa, que exigirá um trabalho contínuo durante os 360 dias do ano, não só às vésperas da reunião de líderes”, declarou o presidente. 
Fome como problema político
O documento entregue a Lula segue as três prioridades de discussão determinadas pela presidência brasileira no G20: combate à fome, à pobreza e às desigualdades; sustentabilidade, mudanças climáticas e transição energética justa; e reforma da governança global. O combate à fome é uma das principais bandeiras levantadas pelo Brasil nesta edição do G20, com a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será lançada na segunda-feira. 
“Eu dizia que a gente só ia conseguir acabar com a fome quando transformasse ela em assunto político. Enquanto ela for apenas um assunto social, ela não será tratada com respeito. É preciso assumir responsabilidade e é isso que vou tentar fazer ao entregar esse documento aos países que estão aí. Os países que estão aí representam 80% do PIB mundial, do comércio, quase 2/3 da população mundial. Então, a gente pode fazer a diferença”, defendeu o presidente.
 
Criação do G20 Social

Durante o discurso, Lula relembrou o período em que ficou preso, entre 2018 e 2019, e que isso o levou a querer fazer algo para mudar as “mazelas sociais”. 

“Quando eu saí da Polícia Federal, a primeira coisa que eu fiz foi procurar o Papa Francisco e o Conselho Mundial de Igreja porque eu queria fazer um documento sobre a indignação da sociedade e as mazelas da sociedade. Temos em um país uma quantidade enorme de pessoas que são tratadas como invisíveis, as pessoas que os governantes não querem enxergar, que aparecem nas estatísticas, todo mundo sabe que existem, mas elas são desprezadas no orçamento da prefeitura, do estado, dos países. É por isso que coloquei os três temas na ordem do dia (do G20)”, explicou o presidente.
Lula ainda relembrou que participou do primeiro encontro do G20 e que, ao longo dos anos, a reunião se consolidou como de extrema relevância internacional, mas sem a participação social. 

“Por 16 anos, desde a primeira Cúpula, o G20 se consolidou com o principal fórum de cooperação econômica mundial e como um importante espaço de concentração política. Mas, a economia e política mundial não é feita só de especialistas e burocratas, elas fazem parte do dia a dia de cada um de nós, alargando ou estreitando as nossas oportunidades”, refletiu. 
“Eu só poderia inventar o Fórum Social do G20 aqui no Brasil. Eu não poderia dar palpite para que outro presidente fizesse isso em seu mandato. Eu fiquei imaginando com o que a gente ia fazer para que a sociedade, em todos os países do mundo, pudesse assumir o trabalho de reforçar para que as coisas acontecessem de verdade para o povo, com o povo ajudando a decidir”, acrescentou. 

Lula ainda relembrou que o Brasil sediará, no próximo ano, outros dois grandes eventos internacionais, a reunião dos Brics, que ainda não tem local definido, e a COP-30, que será realizada em Belém, no Pará. “Todo o mundo fala da Amazônia, agora chegou a hora da Amazônia falar para o mundo o que nós queremos”, disse. 
 
Presidência da África do Sul

Ao final deste G20, o Brasil passa a presidência do grupo para a África do Sul. Por isso, o país tem participado de grande parte das atividades desta edição. O país já se comprometeu a dar continuidade ao G20 Social. 

“Tenho certeza que o presidente vai fazer um fórum social do G20, na África do Sul, e eu espero estar presente para participar do G20 Social e o oficial. Esse é um momento histórico para mim e para o G20. Ao longo deste ano, o grupo ganhou um terceiro pilar, que se somou aos pilares político e financeiro, o pilar social, construído por vocês. De forma inédita, os grupos de engajamento puderam interagir com chanceleres, ministros das finanças e presidentes de bancos das maiores economias do planeta terra”, defendeu Lula. 

Estava previsto na cerimônia de encerramento o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, mas ele não pôde comparecer. Representou o país o ministro de Relações Internacionais, Ronald Lamola. 

“Sabemos das recomendações dadas pelas autoridades para a presidência do g20, incluindo os movimentos sociais. Observamos com interesse a chamada de trazer as crianças e adolescentes ao G20. A crença de garantir a participação da sociedade civil é crucial. Um G20 inclusivo não é mais uma opção, é uma necessidade. Parabenizamos o Brasil pela inclusão do G20 das favelas e outros grupos marginalizados que enfrentam a fome e a pobreza. Essa iniciativa ilumina aqueles que são frequentemente deixados para trás, para que a sua luta seja reconhecida. O progresso verdadeiro só acontece quando nós trazemos todos os membros da nossa comunidade”, disse Ramola, que ainda chamou a atenção para questões de financiamento.

“Queremos reverter o desequilíbrio em que o Sul global só recebe 3% do suporte financeiro para as mudanças climáticas e o desenvolvimento. Acreditamos que a meta do milênio deve continuar um padrão para os países de desenvolvimento e central na rede do G20. Por esse motivo, a África do Sul quer usar a sua presidência para criar um futuro a ser adotado pelos líderes mundiais”, acrescentou o representante sul-africano, que terminou o discurso gritando pela “Palestina livre”. 
 
Esteve presente também a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, em 2011, e representante da sociedade civil internacional, Tawakkol Karman.
 

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postado em 16/11/2024 21:09
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