DEMOGRAFIA

Rocinha é a maior favela do Brasil com mais de 72 mil moradores, diz IBGE

Segundo o Censo, atualmente, 8,1% da população brasileira reside em áreas consideradas favelas

Atualmente, 8,1% da população brasileira reside em áreas consideradas favelas -  (crédito: Diego Baravelli - Wikimédia Commons)
Atualmente, 8,1% da população brasileira reside em áreas consideradas favelas - (crédito: Diego Baravelli - Wikimédia Commons)
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira (7/11) os resultados de uma nova pesquisa detalhada sobre Favelas e Comunidades Urbanas, baseada nos dados do Censo 2022. O estudo revela um cenário crescente e preocupante: atualmente, 8,1% da população brasileira reside em áreas consideradas favelas, representando um aumento significativo em relação a 2010, quando 6% da população vivia nessas condições.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

A Rocinha, localizada na zona sul do Rio de Janeiro, se destaca como a favela mais populosa do país, com 72.021 habitantes e 30.371 domicílios. Logo atrás está Sol Nascente, em Brasília (DF), com 70.908 moradores e 21.889 domicílios. Na terceira posição, Paraisópolis, em São Paulo (SP), abriga 58.527 pessoas.
O aumento da população nessas comunidades se reflete também na expansão do número total de favelas e comunidades urbanas identificadas pelo Censo. Em 2010, foram registradas 6.329 dessas áreas; já em 2022, esse número praticamente dobrou, chegando a 12.348. Juntas, essas comunidades abrigam hoje mais de 16,3 milhões de brasileiros.

Desigualdade regional e perfil populacional

A pesquisa também aponta para desigualdades regionais e características demográficas específicas nas favelas brasileiras. Entre as vinte maiores comunidades do país, oito estão na Região Norte, sendo sete em Manaus (AM), indicando uma alta concentração na Amazônia, onde cerca de 34,7% da população do Amazonas vive em áreas de favela — a maior proporção entre os estados brasileiros. Em seguida, o Amapá tem 24,4% da população vivendo em favelas, e o Pará, 18,8%.
Outro dado importante é o perfil etário: a população das favelas é mais jovem que a média nacional, com idade mediana de 30 anos, enquanto a média no país é de 35. Além disso, o índice de envelhecimento é consideravelmente menor nessas comunidades. Enquanto o Brasil possui 80 idosos para cada 100 crianças, nas favelas, essa proporção é de 45 idosos para cada 100 crianças.
Em relação à diversidade racial, os dados mostram uma maior representatividade de pardos (56,8%) e pretos (16,1%) nas favelas em comparação ao total nacional, onde esses grupos representam, respectivamente, 45,3% e 10,2% da população. A proporção de pessoas brancas nas favelas (26,6%) é bem inferior ao índice nacional, de 43,5%.

Infraestrutura e serviços públicos

Outro ponto abordado pela pesquisa são as condições de infraestrutura e acesso a serviços essenciais. O levantamento indica a presença de 958.251 estabelecimentos nas favelas, dos quais 7.896 são de ensino, 2.792 de saúde e impressionantes 50.934 estabelecimentos religiosos. Esses números revelam um aspecto interessante da organização social e religiosa nas favelas: para cada estabelecimento de saúde, há 18,2 estabelecimentos religiosos, e, para cada instituição de ensino, há 6,5 espaços religiosos.
As disparidades no acesso a serviços básicos reforçam a importância de políticas públicas voltadas para melhorar as condições de vida dessas populações, que convivem diariamente com desafios econômicos, sociais e de segurança.
A ampliação das favelas e a crescente presença de jovens nesses territórios refletem a necessidade urgente de soluções que vão além da regularização fundiária. As favelas, que tradicionalmente são vistas como áreas marginalizadas, abrigam uma parcela crescente da população urbana e exigem políticas que integrem essas regiões à dinâmica das cidades, promovendo mais oportunidades e acesso aos direitos básicos. 
Com os resultados do Censo 2022, fica claro que a urbanização no Brasil precisa ser repensada, considerando o impacto social e humano das favelas, que representam uma parcela significativa da população e revelam a complexa realidade socioeconômica do país.

postado em 08/11/2024 13:34
x