Um dos sócios do PCS Lab Saleme, laboratório apontado pela Polícia Civil como responsável pelo erro que levou à infecção de seis pessoas pelo vírus HIV no Rio de Janeiro, teria descartado supostas evidências sobre o caso no dia em que a imprensa divulgou o escândalo.
A afirmação foi feita, em depoimento à polícia, pela técnica em análises clínicas Jacqueline Iris Bacellar de Assis, que foi presa na terça-feira (15/10). A assinatura dela aparece em um dos laudos que atestavam que os órgãos não tinham HIV.
O sócio apontado por ela seria Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira. Segundo Jacqueline, Matheus arquivava documentos do laboratório na sede de outra empresa, MSTBVieira Serviços de Tecnologia Ltda.
"A empresa MSTBViera, que pertence a Matheus Vieira arquiva tudo do laboratório e na sua sede podem ser encontradas supostas evidências, embora a declarante (Jacqueline) tenha ciência que por ordem de Matheus muita coisa foi descartada a partir de sexta-feira", diz o depoimento da técnica.
Matheus é filho de outro sócio do PCS, Walter Vieira, responsável técnico do laboratório que também assinou um laudo errado. Walter também está preso.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro prorrogou a prisão dos quatro investigados pelo caso nesta sexta-feira (18/10). Eles são investigados por crime contra as relações de consumo, associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e infração sanitária.
Relembre o caso
Seis transplantados testaram positivo para o vírus HIV após receberem órgãos infectados. De acordo com o governo do estado, o erro ocorreu em dois exames do PCS Lab Saleme, localizado na Baixada Fluminense e contratado pela Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro para fazer a sorologia de órgãos doados.
Felipe Curi, secretário estadual da Polícia Civil do Rio de Janeiro, disse que o laboratório deliberadamente afrouxou os testes órgãos para transplantes.
Os advogados que representam o PSC Lab Saleme disseram que os sócios da empresa "prestarão todos os esclarecimentos à Justiça".