saúde pública

Rigor para transplantes será redobrado após caso de infecção no RJ

Depois que dois pacientes foram infectados por HIV, no Rio de Janeiro, devido à desídia do laboratório que deveria examinar os órgãos doados, ministra Nísia Trindade anuncia reforço no protocolo de análise

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou, ontem, que a portaria que normatiza a realização de transplantes no país será revisada. A decisão decorre da infecção pelo HIV em pacientes transplantados, no Rio de Janeiro. O caso ocorreu após o laboratório PCS Lab Saleme, cuja sede é em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, não realizar os exames necessários para descartar a presença do vírus no organismo de dois doadores.

Segundo Nísia, apesar de a portaria ser considerada clara, a proposta do Ministério da Saúde é aprimorar os procedimentos de doação. "As regras do sistema nacional de transplantes sempre foram muito rígidas. Mas queremos avançar nos testes em toda a rede e nos instrumentos para aperfeiçoamento. Então, a portaria tem a ver com isso", explicou, ao participar de evento no Supremo Tribunal Federal (STF).

A ministra destacou, mais uma vez, que haverá uma investigação aprofundada sobre as infecções no Rio de Janeiro, tanto que o episódio está a cargo da Polícia Federal (PF). "Temos que fazer uma profunda investigação desse fato lamentável. Lá, estamos trabalhando no cuidado com as pessoas que, infelizmente, passaram por esse processo inadmissível, de receber um órgão que tem a infecção pelo HIV. Será feita uma auditoria em todos os procedimentos", enfatizou. Ela ressaltou que os transplantes no Brasil passam por normas técnicas reconhecidas internacionalmente e que os procedimentos são seguros.

Prisões

O Ministério da Saúde soube das infecções por HIV em transplantados no Rio de Janeiro há cerca de um mês. Desde então, vem sendo feito o rastreamento dos pacientes que receberam os órgãos e outras medidas foram tomadas — como o descredenciamento e a interdição do PCS Lab Saleme, substituído pelo Hemorio para a realização dos exames.

A infecção de transplantados levou à prisão de quatro pessoas: o biólogo Cleber de Oliveira dos Santos, técnico de laboratório responsável por fazer a análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes; da auxiliar administrativa Jacqueline Iris Bacellar de Assis, cuja assinatura aparece em um dos laudos que atestaram que os doadores de órgãos não tinham HIV; de Ivanilson Fernandes dos Santos, técnico de laboratório contratado pelo PCS Lab Saleme para fazer análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes; e de Walter Vieira, sócio e responsável técnico do laboratório e signatário de um dos laudos errados. Vieira também é tio do deputado federal Doutor Luizinho (PP), ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro.

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