Podcast do Correio

Punição branda estimula crime contra natureza, diz Marivaldo Pereira

Secretário Nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira participou do 'Podcast do Correio'

Quem comete crime ambiental se sente estimulado, pois a punição é pequena e quando há algum inquérito, habitualmente é arquivado ou o delito prescreve devido à dificuldade de ser investigado. A avaliação é do secretário Nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, que conversou com os jornalistas Carlos Alexandre de Souza e Roberto Fonseca para o Podcast do Correio.

Para Marivaldo, é preciso aumentar a pena dos crimes ambientais porque há uma desproporcionalidade entre a consequência e a punição. Uma queimada, uma lavra ilegal ou uma derrubada de mata nativa traz prejuízos para toda a sociedade, mas a pena para quem promove e executa essas agressões aos biomas não passa de quatro anos.

"Tocar fogo e queimar dois terços do Parque Nacional de Brasília tem uma pena menor do que um furto, e isso não é razoável", compara.

Marivaldo defendeu a proposta remetida ao Congresso, na terça-feira, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que majora as punições. Ele salienta que, como a prescrição é calculada de acordo com o tamanho da pena, se aumentada, cria-se a possibilidade de haver tempo suficiente para que a investigação identifique os criminosos.

"Quando se enfrenta o crime ambiental, se trata da causa dessa ferida, age com prevenção. A gente precisa agir antes. Mas, para agir antes, hoje os instrumentos são muito frágeis. Além de todo o esforço do governo para reforçar os órgãos que atuam no enfrentamento dos crimes ambientais, é preciso ter uma legislação mais rígida. Porque, senão, a pessoa toca fogo em uma áreas e, depois, explora essa área por anos. Quando é descoberta, não sofre punição alguma. Então, para ela valeu à pena", observou.

A pena, porém, deve vir acompanhada de uma multa. Marivaldo observa que o ressarcimento seja baseado na reparação dos danos causados ao meio ambiente, inclusive os climáticos e os dos ecossistemas afetados. "O crime funciona pela lógica econômica. Se vale à pena, muita gente começa a praticar. Se você cria barreiras para inibir a prática do crime, você vai desestimulando", frisa.

Para o secretário, o aumento das penas deveria ser algo do interesse de todos, inclusive do agronegócio. Isso porque os efeitos extremos não poupam os produtores, como as queimadas de agosto e setembro, uma vez que se reflete no resultado do plantio — com perdas e diminuição do volume colhido.

Confira a íntegra do programa

Mais Lidas