O secretário de Polícia Civil, Felipe Cury, afirmou durante a coletiva que a contaminação de órgãos transplantados este ano no Rio de Janeiro ocorreu por corte de gastos do laboratório PCS Lab Seleme. “As informações iniciais colhidas, até o momento, dão conta de que houve uma falha operacional de controle de qualidade nos testes aplicados ao diagnóstico de HIV”, relatou.
Durante a coletiva, o diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), André Neves, explicou a suspeita do que teria ocorrido durante o processo de testagem do material. “Houve uma quebra do controle de qualidade, onde visou a maximização de lucro, deixando de lado a preservação e a segurança da saúde dos testes. Os reagentes precisavam ser analisados sistematicamente, diariamente. E houve uma determinação, que estamos apurando, para que fosse diminuída essa fiscalização de forma semanal. E essa lacuna você flexibiliza e aumenta a chance de ter algum efeito colateral, e é esse efeito devastador que nós estamos analisando”, explicou.
Operação Verum
Sobre a operação Verum que cumpriu 11 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão, o delegado da Defesa do Consumidor, Wellington Vieira, informou que efetivaram todas buscas e duas prisões. “Conseguimos efetuar a prisão de duas pessoas e cumprimos todos os mandados de busca. Estamos agora atrás de duas pessoas que já são consideradas foragidas e que pretendemos cumprir essas prisões o mais rápido possível”, informou.
Segundo o delegado, os dois presos foram Walter Vieira, sócio majoritário do laboratório, ele quem tinha o poder de decisão pelo CNPJ da empresa, e o técnico responsável pela testagem de sorologia HIV no material, Ivanilson Fernandes dos Santos. “O primeiro é o sócio principal que tinha o poder decisório na pessoa jurídica e o segundo o técnico contratado para fazer análise clínica no material que vinha da Central Estadual de Transplante”, afirmou.
A investigação não descarta que outras pessoas possam ter sido infectadas e por outras doenças além da AIDS. “Em relação a outros possíveis contaminados, é uma resposta que a Central de Transplantes vai dar. Todas as pessoas que foram receptoras de órgãos estão sendo testadas, em torno de 300. Isso demanda um pouquinho de tempo, mas já começou a ser feito e ainda não terminou”, detalhou.
Ainda de acordo com DGPE, a investigação segue sob sigilo e novas deflagrações e prisões podem vir a ocorrer. “Nada impede que, posteriormente, outras pessoas sejam investigadas, e que já estão sendo
investigadas, sejam objeto de apuração e de operação. Como eu disse, o reagente, ele é feito uma análise qualitativa de forma diária. Esse é o padrão, que foi seguido até dezembro, era feito dessa forma. O que a gente apurou nos depoimentos colhidos, até então, e os dados que estamos levantando no inquérito, é que mudou esse protocolo, onde a análise passou de diária para semanal. Então quem for responsável por isso, será devidamente responsabilizado, criminalmente falando”, concluiu Cury.
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