Rio de Janeiro

Contaminação de órgãos transplantados ocorreu para obter lucro, diz polícia

Em coletiva de imprensa, autoridades de segurança do Rio de Janeiro falaram sobre medidas da Operação Veloz cumpridas nesta segunda-feira (14/10)

O secretário de Polícia Civil, Felipe Cury, afirmou durante a coletiva que a contaminação de órgãos transplantados este ano no Rio de Janeiro ocorreu por corte de gastos do laboratório PCS Lab Seleme. “As informações iniciais colhidas, até o momento, dão conta de que houve uma falha operacional de controle de qualidade nos testes aplicados ao diagnóstico de HIV”, relatou.

Durante a coletiva, o diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), André Neves, explicou a suspeita do que teria ocorrido durante o processo de testagem do material. “Houve uma quebra do controle de qualidade, onde visou a maximização de lucro, deixando de lado a preservação e a segurança da saúde dos testes. Os reagentes precisavam ser analisados sistematicamente, diariamente. E houve uma determinação, que estamos apurando, para que fosse diminuída essa fiscalização de forma semanal. E essa lacuna você flexibiliza e aumenta a chance de ter algum efeito colateral, e é esse efeito devastador que nós estamos analisando”, explicou.

Operação Verum

Sobre a operação Verum que cumpriu 11 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão, o delegado da Defesa do Consumidor, Wellington Vieira, informou que efetivaram todas buscas e duas prisões. “Conseguimos efetuar a prisão de duas pessoas e cumprimos todos os mandados de busca. Estamos agora atrás de duas pessoas que já são consideradas foragidas e que pretendemos cumprir essas prisões o mais rápido possível”, informou.

Segundo o delegado, os dois presos foram Walter Vieira, sócio majoritário do laboratório, ele quem tinha o poder de decisão pelo CNPJ da empresa, e o técnico responsável pela testagem de sorologia HIV no material, Ivanilson Fernandes dos Santos. “O primeiro é o sócio principal que tinha o poder decisório na pessoa jurídica e o segundo o técnico contratado para fazer análise clínica no material que vinha da Central Estadual de Transplante”, afirmou.

A investigação não descarta que outras pessoas possam ter sido infectadas e por outras doenças além da AIDS. “Em relação a outros possíveis contaminados, é uma resposta que a Central de Transplantes vai dar. Todas as pessoas que foram receptoras de órgãos estão sendo testadas, em torno de 300. Isso demanda um pouquinho de tempo, mas já começou a ser feito e ainda não terminou”, detalhou.

Ainda de acordo com DGPE, a investigação segue sob sigilo e novas deflagrações e prisões podem vir a ocorrer. “Nada impede que, posteriormente, outras pessoas sejam investigadas, e que já estão sendo
investigadas, sejam objeto de apuração e de operação. Como eu disse, o reagente, ele é feito uma análise qualitativa de forma diária. Esse é o padrão, que foi seguido até dezembro, era feito dessa forma. O que a gente apurou nos depoimentos colhidos, até então, e os dados que estamos levantando no inquérito, é que mudou esse protocolo, onde a análise passou de diária para semanal. Então quem for responsável por isso, será devidamente responsabilizado, criminalmente falando”, concluiu Cury.

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